Uma casa em meio a um mundo de araucárias, duas cadelas, frio, pessoas fantásticas, muita diversão e bons papos. Se me perguntassem como é o Refúgio Kalapalo eu descreveria assim, resumidamente, já que a experiência de um final de semana por lá com bons amigos – antigos e novos – vai muto além desta breve descrição. Alguns blogs da RBO foram convidados pelo Guilherme Cavallari para passar um final de semana no refúgio que fica em Gonçalves, Minas Gerais. Uma experiência diferente daquela que muitos blogueiros tem quando são convidados para conhecer pousadas ou lugares assim, coisa que nós aqui nunca tínhamos aceitado antes. E qual foi o motivo para aceitar o convite desta vez? Simples, além da reunião de alguns blogs da RBO nós também teríamos a oportunidade de trocarmos ideias com o Guilherme, que possui uma longa bagagem como ciclista e trekker e é autor de diversos livros do segmento outdoor.
Chegando em Gonçalves – MG
Nosso ponto de encontro, ao menos para alguns integrantes da RBO, era São José dos Campos (SP). De lá pegamos um ônibus para São Bento do Sapucaí e descemos no Portal de São Bento, onde o Guilherme nos esperava com a sua esposa, Adriana, e com o Alexandre Palmieri, da Kampa. Não vou entrar em detalhes da correria para chegar em São José dos Campos e não perder a conexão para São Bento após meu ônibus atrasar mais de uma hora na viagem até lá, uma pitada dessas coisas que acontecem com quem viaja por aí, algo comum na vida dos mochileiros e trekkers. Nos encontramos e partimos pela estradinha de terra até o Refúgio. Segui trocando ideias com o Palmieri no carro dele enquanto os outros resgatados iam no jipe com o Guilherme e a Adriana.
Chegamos no nosso destino final por volta das 21h, creio. E fomos recepcionados pela dupla Bella e Nala, que gostam bastante das visitas pelo que notei. Lá encontramos a Eliana Garcia e o Rodrigo Telles do Clube de Cicluturismo do Brasil, mais tarde chegariam o André Schetino do “Até Onde deu Pra Ir de Bicicleta” (ele veio pedalando em uma ciclotrip até São Bento) e o Marcos Adami do Bike Magazine. Muito papo, uma sopa quentinha com uma foccacia assada na hora pela Adriana, e lá fomos pra cama, divididos entre a Mantiqueira e a Patagônia – os quartos bem nomeados do refúgio!
Primeira impressão: que lugar acolhedor!
O Refúgio Kalapalo
Acordamos cedo, por volta ds 07h, e logo depois o café da manhã estava servido. O espaço do refúgio é convidativo, ele une as pessoas em torno da mesa, dos sofás ou mesmo do lado de fora. Não escapamos dessa acolhida no café da manhã, enquanto o sol esquentava lá fora nós comíamos e conversávamos, pra variar.
Um dos inúmeros destaques do lugar fica por conta da cozinha maravilhosa da Adriana, como a Luiza disse algumas vezes: “eu vou sair daqui mais gordinha”. Acho que todos saíram, rsrsrs! Em todas as refeições nós comemos muito bem. Eu que sou apaixonado por pães e bolos deixo a minha recomendação: um pão caseiro e um bolo com canela como eu não comia faz muito tempo, coisas de fazenda, daquelas caseiras e deliciosas!
A programação do dia começava com uma dinâmica entre os visitantes, um papo sobre inspirações, preocupações e direcionamentos. Descemos para o espaço onde o Guilherme trabalha e dá seus cursos e depois de umas 2 horas de conversas descobrimos que muitos de nós, não importando a temática do blog ou o esporte praticado, começamos por motivos similares. Por um gosto que nos movia para fora de casa, para cima das montanhas, para as trilhas ou estradas. Alguns tiveram influências de família, outros fugiam do stress da vida moderna e tivemos até algumas ovelhas negras que se recusavam a aceitar os padrões da sociedade urbana e insistiam em viver em constante contato com a natureza… “Minha família não entende muito bem…”. Pois é!
Um tempo de aprendizado, eu definiria assim nossa conversa proposta pelo Cavallari. Cabeças exercitadas, então vamos mover os esqueletos. O próximo item da programação de sábado era uma trilha até a Pedra Bonita (2100m). Uma caminhada tranquila com direito a alguns mirantes e uma vista de 360 graus da linda Serra da Mantiqueira.
Neste momento descobrimos a parceria da Nala, uma cadela “elétrica” que o casal resgatou da rua quando ainda era filhote. Nala parecia tão feliz quanto nós no meio da floresta, corria para um lado, corria para o outro. Liberdade e natureza, depois nos perguntam qual o motivo para andarmos por aí, por lá, acolá…
No topo da Pedra Bonita fizemos um bom lanche e continuamos as conversas, aliás é curioso isso, como nós conversávamos. E não se engane achando que tudo se resumia a viagens, trilhas, pedaladas e equipamentos. Falamos de tudo isso, mas também falamos de fotografia, livros, família, internet, blogs, marketing, filmes… Assunto em comum era algo inesgotável. E assim foi, durante todo o final de semana.
Retornarmos e a Adriana estava recebendo um casal enquanto nos aguardava para o café da tarde. Café, chá, frio, uma mesa do lado de fora… Eita lugarzão. Agora eu entendo a vontade deste casal de abandonar tudo em São Paulo e buscar abrigo neste cantinho de Minas Gerais repleto de bons vizinhos do mundo outdoor que se “escondem” da urbanidade em lugares verdes ao redor.
Depois de algumas horas estávamos todos em volta da lareira e nos sofás da sala, curtindo o frio da Serra e esperando a lasanha do jantar ficar pronta. Nesta noite fria recebemos a visita de uma outra blogueira e vizinha do refúgio, a Amandina que escreve no “Viajando com a Aman“. Todos alimentados e de banho tomado, era hora do cinema, sessão especial do documentário “Transpatagônia“, que mostra alguns momentos da viagem de 6.000 quilômetros em 6 meses de pedal e trekking que o Guilherme fez sozinho pelo sul do nosso continente. Viagem que rendeu o livro “Transpatagônia – Pumas não comem ciclistas“, o primeiro livro dentro do formato “relato” escrito por Cavallari. As publicações anteriores da Editora Kalapalo eram voltadas para os guias de trekkings e ciclismo e para os manuais de trekking e mountain bike. Comprei alguns deles, então espere as resenhas aqui no site.
Um bate papo pós-filme, perguntas sobre alguns detalhes da viagem e lá fomos nós dormir.
O domingo amanheceu bonito, com o sol brilhando na Mantiqueira. Mais um café da manhã de fazenda e nos separamos em dois grupos: a galera da bike iria pedalar por uns 14km de estradas de terra e o pessoal da trilha iria ao Morro da Antena. Segui com o grupo da trilha e fomos batendo um papo com a Adriana até a porteira de um sítio vizinho onde o caminho começava. Pedimos licença ao dono do terreno e subimos acompanhados pela Nala e por uma cadela que era do sítio no qual estávamos entrando. Adriana voltou para se dedicar ao nosso almoço, uma senhora feijoada vegetariana.
Bons papos no caminho e no alto do morro. Descemos e retornamos ao refúgio por volta de 12:30, com as calças molhadas por causa da grama úmida, mas com a alma lavada, como sempre depois de uma caminhada na natureza. Hora de um banho e de deixar algumas coisas secando do lado de fora.
A feijoada… Ahhhhh, a feijoada! Eu gosto de uma feijoada normal, com uma boa carne seca. Mas o que era aquela feijoada vegetariana!?
No final do almoço ficamos ao redor das mesas conversando de tudo um pouco e cada um ganhou um exemplar do livro “Transpatagônia – Pumas não comem ciclistas”, com direito a dedicatória do Guilherme. Aliás estou lendo e gostando muito, é aquele tipo de livro que flui, parece até bicileta morro a baixo em uma estrada sem buracos. Assim que eu terminar a leitura ele ganhará uma resenha aqui no TB.
Estava na hora de fechar as mochilas. Em uma conversa com o Guilherme tivemos a oportunidade de conhecer de perto alguns dos equipamentos que ele usou durante os seis meses de pedal e trilhas pela Patagônia, bastante útil para quem pensa em reduzir o peso dos equipos.
Últimas fotos e mais alguns livros comprados para engordar a biblioteca do Trekking Brasil. Chegava a hora de pegar uma carona com o Tiago do Blog Fé no Pé e se despedir, do lugar, dos anfitriões e dos velhos e novos amigos. Destino São José dos Campos e depois Rio de Janeiro.
E o Refúgio Kalapalo deixará saudades. Um lugar para fugirmos quando quisermos paz, frio, boas conversas, muitas araucárias e aquele mar de morros da Mantiqueira… Fica a dica!
Blogs da RBO que participaram deste final de semana:
A Montanhista – Gisely Boher
Até Onde deu Pra ir de Bicicleta – André Schetino
Blog Outdoor – Keisuke Kira
Fé no Pé – Tiago Borges
FuiAcampar – Luiza Campello
Pedal Nativo – Fábio Almeida
Seu Mochilão – Rafael Kosoniscs
E o Trekking Brasil, é claro!
Observações e dicas
O Trekking Brasil visitou o Refúgio Kalapalo a convite do Guilherme Cavallari, mas mesmo assim todo o relato contido nesta página é isento e real. Não custa avisar! ;)
Eu saí do Rio de Janeiro e fui de ônibus até São José dos Campos, encontrei alguns amigos lá e peguei um ônibus para São Bento do Sapucaí (Brasópolis também serve e parece ser uma rota um pouco mais rápida). Desci no Portal de São Bento, onde o Guilherme estava nos resgatando com seu carro. O Refúgio Kalapalo fica a cerca de 14km de São Bento do Sapucaí e eles oferecem um serviço de traslado para quem não dispõe de carro para percorrer este trecho, consulte os valores no link abaixo.
O Guilherme edita, há anos, vários guias de trilhas e pedal através da Editora Kalapalo (notaram a semelhança no nome? rsrsrs!). Se você é um trekker ou ciclista vale muito conhecer os livros do Guilherme, minha indicação especial para os trekkers: “Guia de trilhas Trekking – Volume 1 e 2”, “Manual de Trekking e Aventura” (altamente recomendado para quem está começando e tem dúvidas sobre equipamentos) e o “Transpatagônia – Pumas não comem ciclistas”, que citei anteriormente.
Do mesmo modo, o Guilherme oferece cursos de trekking, mountain bike e GPS – que na minha opinião e pela experiência dele, vale cada centavo investido, afinal de contas conhecimento nunca é um gasto! Informe-se com ele.
Mais informações, como chegar, telefones, emails, etc: Refúgio Kalapalo.
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