Texto e fotos enviados pelo nosso amigo leitor Almir Maciel
Em março de 2015 um amigo (Wálter) postou uma mensagem de uma travessia que se daria no carnaval de 2016. Travessia da praia do Cassino RS, uma semana com cerca de 30 km ao dia. Ao mesmo tempo em que pareceu puxado pareceu interessante, pelas peculiaridades do local. Em maio outro amigo de caminhadas (José Carlos) manifestou interesse em realizar tal travessia, começam as pesquisas. Detalhe, ele ajudou a escolher a data e depois descobriu que não poderia ir….!
Entramos em contato com Leonardo Custódio, através do site www.praiadocassino.com, que nos indicou o José Luiz Fernandes, da Dunes Turismo:
“Olá Almir, boa noite.
Primeiramente obrigado por acessar Praia do Cassino.com. Sobre esta travessia, está sendo realizada por muitos adeptos ao turismo de aventura. Certamente você está correto em buscar por um guia, bem como informações mais precisas antes de realiza-la.
Em relação ao guia, temos na Praia do Cassino o Dunes Turismo. Você deverá falar com eles onde certamente lhe indicarão o que deve ser cuidado, bem como outra informação que você precise. Diga que lhe encaminhei através do site. Caso você venha com a família, temos uma indicação de cabanas ótimas para que vocês possam ficar.
Este último explicou o serviço que prestava:
Bom dia Simone, com certeza será um prazer recebe-los aqui na nossa região, como lhe passei no vídeo que está no youtube, não organizo os passeios da travessia, isso fica a cargo da Roraima Adventure, porém, dou suporte a grupos formados como é o seu caso. Inicialmente o serviço fica dividido em locação da camionete 4×4 a disposição 24 horas, 7 dias corridos com motorista e orientação sobre os melhores lugares para as paradas, opção de contratação de uma pessoa para fazer as refeições, (janta e café da manha) e o rancho para os 7 dias.
Por ser acampamento indagamos sobre as barracas e colchões e o mesmo passou tais informações:
– 3 barracas para 2 pessoas com 2 colchões de solteiro infláveis em número de 3 (incluso) montagem fica com vocês.
Para a viagem ficar viável precisaríamos de seis pessoas, após vários convites fomos em sete aventureiros. Arrumou-se mais uma barraca e colchão. A média de idade superava 50 anos, mas com boa bagagem de trilhas e travessias. Só o Caminho de Santiago de Compostela quatro haviam feito, mais Monte Roraima, Trilha Inca, Torres del Paine, Caminhos da Luz, da Fé, dos Anjos, Petrópolis-Teresópolis, Serra Fina e etc. Mas sempre é tempo de aprender. Como veremos mais adiante quando contratarmos serviço incluindo barracas recomenda-se perguntar marca e modelo.
Para o início da caminhada o melhor é ficar no Cassino, distrito de Rio Grande. Aquele que nos prestaria suporte fez um mimo buscando-nos na rodoviária de Rio Grande e levando até o hotel Atlântico, o qual tem boa relação custo/benefício e ótimo café da manhã. Devidamente estabelecidos fomos a pé até uma pizzaria próxima, caminhando rápido por causa da chuva. Depois fomos cuidar de algo interessante, comprar uma caixa de vinho! Escolhemos 3 marcas e o mais barato……. era o melhor! Difícil errar com malbec argentino. Para o dia seguinte uma falha se manifestou, o horário de saída (“Saída as 6:30 do hotel, faço o deslocamento de vocês até os molhes da laguna dos patos onde inicia travessia”) coincidia com o início do café no hotel, e não havia café da manhã no primeiro dia da travessia. Por sorte o hotel serviu o café às 06:15h e antes das 07:00h estávamos na van que nos levaria até os molhes da Lagoa dos Patos, início da caminhada.
A data escolhida – outubro – é costumeiramente de pouca chuva, mas isso não vale para tempos de El Niño! E era também lua nova, quando a natureza se manifesta mais estável. Acompanhávamos os sites de meteorologia e as notícias sobre as cheias nas plagas gaúchas. Para o extremo sul do estado indicava chuva na saída (domingo) e depois uma chuva forte na quarta-feira. A torcida era para que ela caísse à noite ou fosse para outro canto.
O apoio iria depois, nos encontraria na hora do lanche. O Richard levou uma bicicleta e já saiu a vasculhar aquela praia imensa. Em virtude das chuvas os arroios (riachos) estavam com considerável nível, assim íamos pela rua da praia para não molharmos as botas. Passamos pela estátua de Iemanjá e fomos até onde deu, aí tivemos que enfrentar os arroios. Cacá foi mais esperto, no primeiro arroio que não dava para pular já slosh, slosh, slosh… Cátia tentou pular e de certa forma resolveu o problema pois caiu na água e também molhou a bota. Eu, Simone, Mocinha e Mônica seguíamos um ritual: tirar bota e meia, atravessar, secar o pé, colocar de novo. Nisso Cacá e Cátia viraram dois pontinhos distantes. A chuva deu uma trégua. Mas cinco ou seis arroios cheios depois….. slosh, slosh, sloch. A vantagem de bota gore tex é que a água vai saindo e o pé não esfria tanto. E o que chamava a atenção por ali era a quantidade de lixo que as correntes marítimas depositavam na praia, alguns com cara de ter cruzado o oceano. E surgiam os primeiros animais polares mortos na praia; pinguim, foca, leão marinho… é normal por lá.
Por volta das 12:00h a camionete nos alcança e avisa que o lanche será onde os primeiros estiverem. Chegando lá o lanche era ovo cozido, Polenguinho, banana, achocolatado em caixinha e barra de cereal. Richard tinha sumido, guardamos o lanche dele. E para nossa surpresa o apoio avisou que voltaria para buscar o restante das coisas, que como ali ainda era perto dava para ir e voltar. Foi a primeira expedição em que não se sai todos juntos. Mas ficou acordado que às 17:00h a camionete (a qual deveria estar no ponto de acampamento) voltaria para recolher quem ainda não tivesse chegado.
Mas foi apenas terminar o lanche e partirmos para a segunda parte que a chuva aumentou. E com ela o vento, quase lateral, mas ainda bem que no sentido em que íamos. Se fosse frontal a dificuldade iria aumentar. E essa chuva jateada pelo vento seria um teste para a capa Aztec, a qual demonstrou seus limites, permitindo passagem de umidade mais ao fim do dia. Ao chegarmos ao navio encalhado Altair chovia bastante, tanto que sequer aventei tirar fotos. Cacá tirou algumas e depois teve certo trabalho para secar a máquina. Já passava da metade dos 34 km que faríamos no 1º dia.
Essa travessia tem longas caminhadas, porém é plana, e não é de areia fofa. Com tempo firme imprimimos um ritmo de caminhada e vamos ganhando terreno. À esquerda o som do oceano, à frente a praia mesclando com o céu ao longe, à direita dunas, mata e muitas aves nos remansos dos arroios. Mas com chuva, vento e frio o desgaste aumenta muito. Torna-se um teste de resistência e perseverança. E o barulho dos jatos de chuva batendo na capa virou rotina…
Passando das 15:00h eram três duplas por aquela imensidão, se bem que por causa do feriado de vez em quando passavam alguns aventureiros, de 4×4 e até de moto. E entre as duplas o nosso amigo ciclista que cada hora acompanhava uma. Até que chegou a mim e Cacá que estávamos à frente. Conversamos sobre nosso destino, já era hora da camionete ter passado. A referência para o acampamento que o ilustre apoio havia deixado era o arroio ao chegar à linha das torres do parque eólico. Só que havia mais de um arroio por km. como saber qual era? Combinamos de o Richard ir de bicicleta até a linha das torres e retornar relatando o que viu. De novo ele sumiu…
Íamos controlando a distância das duas duplas de trás, enquanto nos perguntávamos sobre qual raio de arroio seria. Por volta das 17:00h chegamos a um arroio maior que os outros, as torres estavam à direita… mas onde seria o acampamento? Uma veia de preocupação começou a ganhar vulto. Fomos pela margem do arroio para verificar se havia alguma passagem mais fácil, nada. Ali a água era no joelho e com correnteza. Escurecia. O frio apertava, a capa não resistiu e passou umidade para o fleece e a camisa de baixo, a solução foi colocar o anorak por sob a capa, melhorou. Eu e Cacá começamos a nos preocupar; frio, chuva, as mulheres chegando e nada da camionete de apoio. Encontramos um lugar atrás de uma pequena duna que suavizava o vento. Vimos luzes ao longe, era uma expedição com cerca de 30 jipes. Em seguida vimos a sombra do Richard, havia rodado 06 km além e disse que não viu nada parecido com o acampamento. Mais um pouco e as duas duplas femininas chegam, e ao nos ver postados à beira do arroio, sem destino ou opção se desolam. Mônica estava com a boca branca, falando aos soquinhos. Mocinha já nem falava. Simone e Cátia fizeram expressão de ‘e agora?’. Resolvemos ficar bem juntos para diminuir a influência do vento. A preocupação aumenta. Achamos até que haveria alguma estrada paralela e a camionete teria ido por lá, mas mesmo assim estava muito atrasada. Começou-se a questionar se o melhor seria voltar. Concluímos que ainda era cedo para isso.
E ao longe vislumbramos a silhueta peculiar da Mahindra, camionete indiana, com o reboque que era a cozinha. Ao se aproximar, aquele que havia se apresentado como profissional simplesmente estava para passar direto pelo arroio, sem sequer perguntar como estávamos. Acenei e pararam, ele e o Renato, o cozinheiro. O motorista fez uma expressão de ‘algum problema?’. Indaguei sobre o horário – não era para ser às 17:00? E aí se delineou um traço de personalidade que se manifestaria mais forte na sequência: Desculpas para tudo e nunca aceitando opiniões contrárias. Ao responder sobre o horário disse que veio devagar para poupar a pick-up. E não gostou quando disse para levar até o final as duas que estavam mais cansadas e com frio, disse a contragosto que até 3 pessoas caberiam.
O acampamento ficava um pouco afastado da praia, pouco após cruzar o arroio. Há uma cabana usada de tempos em tempos por quem passa por lá. Alguns estrados (pálates) de madeira e outros objetos recolhidos na praia compõem a mobília. Pois bem, essa cabana (a qual foi definido que seria lembrada como ‘saudosa maloca’- e não imaginávamos o quão estávamos certos!) foi a salvação da lavoura daquele 1º dia de travessia. Pudemos nos secar, trocar de roupa e ficar abrigado do vento gelado. Mas se a cabana já estivesse ocupada nossa travessia teria terminado ali, e não seria nada divertido. As barracas disponibilizadas pelo nosso prestador de serviços eram barracas para praia no verão, sem chuva. Não tinham sobreteto!!!
Foi a primeira vez que participei de uma expedição por praia. É bem mais usual em montanhas e interiores. E por lá geralmente são todos por todos, qualquer problema todos se solidarizam para resolver. Mas tal fato não foi observado nessa aventura. Como o condutor foi contratado para o transporte e comida, ao chegar o fator transporte estava resolvido, faltava a comida. Nenhuma preocupação manifestada para com os que ficaram tiritando de frio enquanto o esperava. Mocinha, que além da bota que não expelia água (gelou o pé), acabou se molhando pelo capa/poncho com abertura lateral. Passou mal com o frio e foi para a cabine da camionete enquanto armávamos sua barraca e enchíamos o colchão. Depois disse que dormiu muito bem. Sequer esperou a pipoca e café servidos antes do jantar. Jantar? Arroz e feijão, alguém ouviu ‘arroz carreteiro’, mas era ínfima a quantidade de outros ingredientes. E três das barracas acabaram sendo montadas dentro do rancho, mas isso após os relatos do dia, de alguns goles na Xiboquinha que a Cátia levou e três garrafas de vinho. Santo vinho, além de quebrar a friagem serviu para elevar o moral da tropa!
Por questões de espaço minha barraca e da Simone foi montada fora, atrás do barracão. A marca era respeitosa: National Geographic. Deu certo trabalho, pois havia emendas nas varetas, e não ficava devidamente esticada. Continuava uma chuvinha e por precaução dormi invertido. Sábia decisão, na madrugada caiu uma chuva bem forte e, como o sobreteto por não estar esticado encostava na parte interna, acabou por entrar bastante água na barraca. Aí lembrei das outras barracas, se estivessem fora… bem….seria uma molhação geral, e na iminência de outra noite igual, o stress seria forte. E vários reclamaram de ferpas de fibra de vidro nos dedos, as varetas das outras barracas também estavam nas últimas. E por falar em barraca não me recordo onde o nosso navegador armou a dele. Falaram que dormiu na cozinha. Acredito a barraquinha dele também não aguentaria a chuva. E com pena ficamos do cozinheiro, dormia na carroceria da camionete, entre os bancos e demais coisas que lá tinha. Simplesmente um absurdo não ter uma barraca para ele! E decente.
Ao amanhecer a chuva estava bem leve, e soprava o vento sul, sinal de que o tempo melhoraria. E cinco cães que nos seguiram desde o Cassino também dormiram lá, três dentro e dois fora da cabana. Fomos informados para não alimentá-los que voltariam, e assim foi.
No café da manhã tinha azeitona (?!), atum em lata, ovo cozido, café solúvel e requeijão de saquinho (aquele ruim de usar) para passar no pão de forma. O leite só quando alguém lembrou e perguntou. Em virtude do desgaste do dia anterior Mônica e Mocinha resolveram ir na carroceria, e como a 4×4 sairia por volta das 11:00h essa última simplesmente perguntou se poderia desmontar a barraca mais tarde e aproveitar para descansar mais um pouco. Algo tão simples e nosso intrépido piloto já falou um monte, que não podia coisa e tal… No stress gerado ele disse que cuidava da logística, e indagado sobre as falhas do dia anterior, principalmente do atraso, saiu-se com essa: -enquanto todos não chegassem ele não compraria os mantimentos. Mas avisamos o momento em que saíamos de Porto Alegre, teria cinco horas para tal. Cada desculpa…!
Cátia partiu na frente, Richard, que havia pedalado uns 50km entre idas e vindas resolveu de última hora jogar a bicicleta sobre a carroceria e também descansar. O vento sul soprava fraco, e com ele o tempo foi abrindo. O mar que era marrom foi ficando esverdeado, o lixo trazido pelas águas diminuía bastante, e os arroios estavam mais passáveis. Cacá começou a sentir uma bolha no pé, havia caminhado muito tempo com meia molhada, mas havia um bom sortimento de micropore. Pouco após as 11:00h o apoio passa por nós, e combinamos de andar mais 5km antes do lanche. E o lanche… o mesmo, apenas mudando banana por maçã, fraquíssimo.
Para a segunda parte do segundo dia Cátia resolveu se juntar aos motorizados. E o tempo foi abrindo e mostrando a beleza viva do lugar. Foi um dia em que não vimos mais ninguém na praia, e os três que caminharam aquela segunda parte iam falando da vida e dos bichos na praia monitorados pelo IBAMA. Ora caminhavam sozinhos e ora se juntavam para pequenos descansos sentando nos barrancos de areia da beira dos arroios.
O farol Sarita despontou ao longe, pequenino. Devagar ia se aproximando, fizemos um prognóstico de hora de chegada. Enquanto isso algumas nuvens se juntavam no horizonte, até que muda o vento e é hora de guardar a máquina e sacar a capa. Choveu uns 10 minutos, estiou outros tantos, choveu novamente, umas três, quatro vezes. Após 28 km chegamos ao acampamento e o céu estava azul.
O caminho para chegar ao acampamento passando pelo farol estava impraticável para pedestres, por causa da expedição de jipes ter passado por ali. Fomos pelas dunas. O local é muito bonito e ótimo para acampar. As dunas mais o arvoredo local fornecem boa proteção contra o vento. Chegamos, colocamos o que estava molhado para secar e ouvimos os relatos da correria que houve por lá. Segundo a Mocinha, perguntaram ao condutor onde era o melhor lugar para armar as barracas e a resposta foi ríspida: “Onde se sentirem melhor.” Como havia um pequeno platô ao lado resolveram ir para lá. E aquelas mesmas nuvens que se juntaram no horizonte caíram primeiro por lá, e com vento, o que assustou o Richard e o fez querer rapidamente mudar as barracas de lugar. Segundo a Cátia a mudança nem era necessária, mas o corre-corre gerou mais histórias para contar.
E dessa vez Renato caprichou no jantar, a carne cozida com batatas estava ótima. E mais 3 garrafas de vinho deixaram o estoque, merecidamente. Mais um pouco de conversa, sem vento, e céu estrelado. Que diferença da noite anterior! Mais um pouco e aquele silêncio, apenas interrompido pelo coaxar de um sapinho que mais lembra miado de filhote de gato.
Depois de uma noite bem dormida (colchão inflável é outra história) hora de encarar o café da manhã. Igual ao do dia anterior, mas apareceu uma geleia. Já se faziam piadas com o ovo cozido! As que haviam descansado no dia anterior estavam ávidas para caminhar, e o Richard para pedalar. Amanheceu um belíssimo dia de sol e os arroios estavam bem mais fáceis de passar. Como é diferente aquela região com sol! O mar esverdeado, garças, aves migratórias, guarás… e ao longe parecia um cachorro, mas era um graxaim. E nisso Cátia encontra um galão de água cortado e passa a carregar para servir de banco.
De repente um barulho surdo de motor, eram dois ônibus levando trabalhadores para as fazendas de extração de resina da região. Olhavam incrédulos para aqueles andarilhos perdidos na praia, cada louco que aparece… ! De vez em quando passava algum veículo do IBAMA ou da Marinha, e, coisa rara, vimos um pescador. Novamente chega a hora do lanche, sem novidades.
A referência para o próximo acampamento era a placa da entrada 4 da fazenda, creio que distavam 5 km umas das outras. Cátia imprimiu um forte ritmo e abriu boa distância minha e do Cacá, e estávamos de olho em quando ela derivaria para a direita, indicando o final daquela etapa. Chegamos e mais uns 10 min chegam Mônica, Simone e Mocinha. Outro trecho de 34 km se foi. A boa surpresa foi ver tudo o que estava molhado (o nosso timoneiro não tinha o cuidado de proteger os pertences e equipamentos que iam na camionete, ao passar pelos arroios molhava parte das mochilas, colchões, etc…) estirado secando na grama. Obra do Richard que chegou primeiro. Depois de se esbaldar pedalando pela dita maior praia do mundo, deu um belo mergulho no mar (foi o único), tirou o sal na água doce e cuidou das barracas e colchões do grupo.
E aproveitamos a luz do dia para mais um embate na montagem da barraca, pois as varetas estavam nas últimas. E na hora de encher o colchão inflável… pluff…abriu um buraco numa emenda. Óbvio que nosso precavido auxiliar teria material para conserto. Não tinha! Apareceu um colchonete fino. Bem, tendo arrumado as coisas era hora de jantar, uma linguiça afarofada muito boa, contemplando o pôr do sol.
Já não lembrávamos das agruras do primeiro dia. E o anoitecer brindou-nos com um céu que há muito não via. Deitamos para melhor admirá-lo, alguns dentro da barraca com a cabeça para fora, estava engraçado. Apreciamos a beleza da Via Láctea, era quase uma nuvem. E só se ouvia ‘alá’, ‘ali’, ‘olhem aquela’, em relação às estrelas cadentes. Ah, a Mônica foi dar uma descansadinha e… zzzz, perdeu o espetáculo. Cátia disse que foi o melhor céu que já vira. O próximo compromisso era ver o nascer do sol. Antes do alvorecer fui acordado pela barraca (o vento havia mudado) que me batia na cabeça, usei a mochila como proteção.
Acordamos perto das 05:30h para apreciar o aparecimento de nosso astro rei. Havia uma faixa de nuvens no horizonte marítimo. E com a costumeira variação de cores na água e nas nuvens o sol apareceu, numa parte limpa. Depois as nuvens foram ganhando espaço.
Aproveitamos para arrumar as coisas para a partida, enquanto o café era preparado. E como ninguém mais aguentava o mesmo cardápio todo dia, principalmente ovo cozido, pedimos um ovo mexido, e fomos atendidos. É bom algo quente no café. E aproveitamos para pedir um suco na hora do lanche, que além de também ser sempre o mesmo era seco. Um suquinho ia bem.
E com a informação de nosso logístico de que seriam mais 32 km pusemos o pé na areia. O destino era o famoso Farol do Albardão, onde tem uma base da marinha e o lugar em que acamparíamos. E um banho de verdade já havia sido autorizado. Ao sair soprava um vento leve lateral, quase com a mesma angulação do primeiro dia, preocupante. Alguns kms após passamos por um pequeno farol que serve de abrigo para alguns aventureiros, principalmente quando se venta muito. Dá para acampar dentro. Cátia, Mônica e Mocinha iam na frente, eu, Simone e Cacá mais atrás. Richard pedalava solto.
Nós, que íamos na caminhada, não nos demoramos muito a sair. O vento aumentou, e passou a soprar do norte. À cabeça vieram os mapas atmosféricos de quando há ciclone subtropical no litoral da região sul, com as setinhas que indicam a direção dos ventos apontando para o sul e paralelas ao litoral. Era esse mesmo vento que tornava a caminhada mais fácil e também prenunciava mudanças climatológicas. O vento desenhava linhas de areia em movimento, abastecendo as dunas da região. E para um breve descanso procurávamos um arroio, os quais eram mais raros agora, que tivesse um pequeno barranco que não ficasse na linha dos jatos de areia.
Ao longe víamos pequenino o farol, que costuma ser visto faltando 10km para chegar. Nas laterais a nebulosidade alta havia ficado mais carregada, o vento aumentara um pouco a força e ficou um pouco mais frio, só a camiseta de caminhada não bastava, hora de usar o corta-vento. Junto com Cátia e Mônica íamos indagando se os outros já estavam de banho tomado e se tinham armado as barracas, coisa e tal, e também se chegaríamos no horário. Concluímos que um pouco antes, a caminhada estava rendendo, íamos rápido. Um pouco mais à frente me distancio um pouco das duas, o farol já mostrava sua imponência e viam-se claramente as demais construções da base da marinha. Mas surpreendentemente vejo a camionete vindo ao nosso encontro. Boa coisa não era. Em virtude do vento mal dava para compreender o que o contratado para nos apoiar falava. Disse que não teve como acampar no Albardão e que acamparíamos uns 05 km adiante. Informou que faltavam 1800 metros para a entrada do farol e se queria seguir com eles (Mocinha veio junto). Disse para que apanhasse as duas que vinham logo atrás e que caminharia até a entrada do farol. Nesse pequeno trecho fui matutando o que teria ocorrido.
No trecho até o novo local de acampamento (seria uma área gramada perto do riacho) fui informado pelas duas de que não fora possível a camionete chegar lá, o arroio provocara uma “queda de barranco”. Estranho, e o acampamento não seria no Albardão? Em virtude da tempestade que se avizinhava e da fragilidade das barracas disponíveis fomos elencando possibilidades, uma delas dormir na própria camionete, como não sei.
Ao chegar ao novo local de acampamento (lugar ótimo, desde que com tempo firme) o clima humano era de perplexidade. Acamparíamos ali, naquele descampado, com barracas precárias e com uma tormenta se aproximando? Na cozinha já havia algo no fogo, enquanto, tenso, o dono da camionete manobrava em busca de deixá-la de forma tal que protegesse do vento, e, começava a chover. Ao longe um trovão. Ao som do segundo trovão, mais próximo, nos aboletamos na carroceria da camionete. Era o único lugar seguro, o risco de raio era grande. Nisso nosso assustado motorista propôs que fôssemos para a casa do Ricardo, um morador solitário da região que por vezes acolhe os aventureiros que por lá chegam, e inclusive o jantar seria feito lá. A chuva caía forte, seriam 20 km até a casa, nos equilibrando no soçobrar da carroceria, juntos aos mantimentos, barracas e demais equipamentos. Ao parar para estudar o melhor ângulo de ataque para transpor os arroios, mais cheios pela tempestade, o vento chacoalhava a camionete, com um zumbido intimidador.
Pelo visto a tensão diminuiria, chegamos à casa do Ricardo. Um leve toque de buzina e alguém vem atender, falando apenas em espanhol. Não era ali, teríamos que voltar alguns quilômetros. Voltamos até determinado arroio, a camionete dava voltas. Vimos que nosso infalível navegador estava perdido. Isso porque estava sempre com um GPS à mão. Ele não tinha o domínio pleno da região. Os clarões dos relâmpagos pipocavam para todos os lados, mostrando a força das ondas impelidas pelo vento e a cortina d’água desenhada pela chuva.
Estávamos cansados, mal acomodados, em meio a uma grande tempestade e sem saber o destino. Aí nosso contratado propõe voltar à base da marinha. Sem comentários! Agora? Porque não ficamos lá como na programação inicial? Aliás, com a união de informações descobri que nosso ‘guia’ não quis acampar junto à Marinha por ser um acampamento sobre a areia, saiu para procurar outro com grama. Achou, mas…! E ali estávamos a cerca de 70 km do Chuí. E o que queríamos era sair daquela enrascada, ficar livres de todos aqueles desmandos. –Toca pro Chuí! Ainda havia certa claridade, iríamos com um pouco mais de segurança por um tempo. Pelo lado de fora, a chuva, o vento e os raios continuavam assustadores. Richard reclamava de uma goteira que o incomodava, Cacá media o deslocamento via um de seus inúmeros aplicativos. Algumas piadas aconteciam, mas no íntimo todos queriam sair logo dali. A ideia da visita de algum tronco submerso por sob a camionete era nada nada agradável. Depois de um bom tempo vimos felizes as casas do Hermenegildo (povoado próximo à Barra do Chuí), o destino estava próximo.
Depois de umas três horas de termos saído do Albardão chegamos à Barra do Chuí, não era da forma como pretendíamos, mas como era bom estar ali! O ‘cochero’ passou na pousada da cunhada para deixar a carretinha com a cozinha. Se ele cometeu várias falhas no serviço prestado ao menos mostrou ser bom motorista, mostrando habilidade sob as condições adversas naquele trecho de praia. Dali fomos para o tal do Chuí. Fomos ao mesmo hotel onde havíamos reservado para o sábado, um quarto triplo e outro quádruplo. Era quarta-feira e o gerente alterou a data sem problema algum. Hotel Firper, ótimo atendimento. Tiramos toda a tralha da camionete e o motorista ficou de passar ao meio dia do outro dia para devolver os objetos que ficaram perdidos por lá.
O hotel fica próximo ao centro, mas pela chuva havia um pouco de lama pelos arredores, pedimos para chamar um táxi para irmos comer. Veio um táxi uruguaio, depois descobrimos que eles cobram mais caro e então só pedíamos táxi brasileiro. Mônica e Cátia preferiram ficar dormindo. E nós, depois de algumas voltas, escolhemos uma pizzaria. Apreciando uma cerveja Patrícia, comemos um metro e meio de pizza! Cada 25 cm possui oito pedaços, estava ótima. E o atendimento da garçonete era muito bom, uma passagem ficou marcada. Cacá e Richard comentavam aos brados e gestos as aventuras e desventuras do dia quando houve uma intervenção: – Não briguem! Era Cecília, a prestativa garçonete preocupada com os ânimos que, para quem não conhece os autores, pareciam acirrados. Voltamos ao hotel e praticamente desmaiamos.
No outro dia fomos vasculhar o Chuí e o Chuy. Os preços do free shop não eram lá essas coisas, para mim a andada serviu para trocar moeda para a viagem ao Uruguai que faríamos nos dias seguintes. Voltando ao hotel soubemos que os dois da camionete já haviam passado por lá. Pelo visto estavam sem sinal, não atenderam telefone nem Whatsapp.
Para almoçar nos indicaram o restaurante Rodeio, bom preço e atendimento. Lá comentávamos do gasto extra com hotéis e refeições que o final antecipado do passeio proporcionou. Queriam perguntar ao José Luíz se haveria devolução de alguma diária, pois só o da camionete ficaria faltando três diárias. A R$380,00 cada uma (cobrou também R$2,50 por km rodado, esse item estava correto). O rancho (alimentação) foi cobrado R$40,00 por dia por pessoa, considerando apenas dois dias cheios eram R$560,00. Ele devolveria alguma coisa? A diária do cozinheiro nem perguntaríamos, ele não tinha culpa de nada. E ao final do almoço alguém fala: – Olha a Dunes!
Trouxe os objetos que ficaram na camionete e sentaram-se à mesa. Após conversas sobre o Chuí e a aventura interrompida o ilustre prestador de serviços foi indagado sobre a diferença entre o que foi pago e o que foi utilizado. Disse que não devolveria nada. Não insistimos, ter encerrado essa prestação de serviço já era um ponto muito positivo. E se ele tivesse um mínimo de tino comercial teria pago uma diária no hotel, ou pago a conta do almoço. Seria bem mais barato que uma diária da camionete mais o rancho, e bem mais diplomático. Nada. E saiu convicto de que cumpriu à risca tudo que fora combinado.
Nos balizamos por um vídeo encaminhado pelo dono da Dunes que mostrava o funcionamento do apoio, e chamou a atenção o cardápio mostrado. Porém descobrimos depois que a alimentação foi obra dos integrantes do grupo mostrado.
Alguns fazem essa travessia levando tudo, acho muito penoso. Indo um carro de apoio facilita muito, inclusive se alguém tiver algum problema. Eu pretendo voltar e dessa vez fazer em oito dias, invés dos sete da programação original. Fica uma média de 27,5km ao dia. Não desgasta muito e ainda pode-se atingir algumas das lagoas da região, aproveitar melhor a fauna e flora e belezas locais.
Cacá já falava em fazer a segunda parte de carona, o tênis que escolheu parece que não era para grandes caminhadas. As nuvens que tinham ganhado volume já se esvaíam, ficando tempo aberto novamente. O ritual da passagem do apoio se repete, chegando ao local do lanche descobrimos que tínhamos andado 18 km, e que faltava outra parte igual. Com a informação de 04 km adicionais Mocinha, Simone e Cacá resolvem ir de camionete.
Nós, que íamos na caminhada, não nos demoramos muito a sair. O vento aumentou, e passou a soprar do norte. À cabeça vieram os mapas atmosféricos de quando há ciclone subtropical no litoral da região sul, com as setinhas que indicam a direção dos ventos apontando para o sul e paralelas ao litoral. Era esse mesmo vento que tornava a caminhada mais fácil e também prenunciava mudanças climatológicas. O vento desenhava linhas de areia em movimento, abastecendo as dunas da região. E para um breve descanso procurávamos um arroio, os quais eram mais raros agora, que tivesse um pequeno barranco que não ficasse na linha dos jatos de areia.
Ao longe víamos pequenino o farol, que costuma ser visto faltando 10km para chegar. Nas laterais a nebulosidade alta havia ficado mais carregada, o vento aumentara um pouco a força e ficou um pouco mais frio, só a camiseta de caminhada não bastava, hora de usar o corta-vento. Junto com Cátia e Mônica íamos indagando se os outros já estavam de banho tomado e se tinham armado as barracas, coisa e tal, e também se chegaríamos no horário. Concluímos que um pouco antes, a caminhada estava rendendo, íamos rápido. Um pouco mais à frente me distancio um pouco das duas, o farol já mostrava sua imponência e via-se claramente as demais construções da base da marinha. Mas surpreendentemente vejo a camionete vindo ao nosso encontro. Boa coisa não era. Em virtude do vento mal dava para compreender o que o contratado para nos apoiar falava. Disse que não teve como acampar no Albardão e que acamparíamos uns 05 km adiante. Informou que faltavam 1800 metros para a entrada do farol e se queria seguir com eles (Mocinha veio junto). Disse para que apanhasse as duas que vinham logo atrás e que caminharia até a entrada do farol. Nesse pequeno trecho fui matutando o que teria ocorrido.
No trecho até o novo local de acampamento (seria uma área gramada perto do riacho) fui informado pelas duas de que não fora possível a camionete chegar lá, o arroio provocara uma “queda de barranco”. Estranho, e o acampamento não seria no Albardão? Em virtude da tempestade que se avizinhava e da fragilidade das barracas disponíveis fomos elencando possibilidades, uma delas dormir na própria camionete, como não sei.
Ao chegar ao novo local de acampamento (lugar ótimo, desde que com tempo firme) o clima humano era de perplexidade. Acamparíamos ali, naquele descampado, com barracas precárias e com uma tormenta se aproximando? Na cozinha já havia algo no fogo, enquanto, tenso, o dono da camionete manobrava em busca de deixá-la de forma tal que protegesse do vento, e, começava a chover. Ao longe um trovão. Ao som do segundo trovão, mais próximo, nos aboletamos na carroceria da camionete.
Era o único lugar seguro, o risco de raio era grande. Nisso nosso assustado motorista propôs que fôssemos para a casa do Ricardo, um morador solitário da região que por vezes acolhe os aventureiros que por lá chegam, e inclusive o jantar seria feito lá. A chuva caía forte, seriam 20 km até a casa, nos equilibrando no soçobrar da carroceria, juntos aos mantimentos, barracas e demais equipamentos. Ao parar para estudar o melhor ângulo de ataque para transpor os arroios, mais cheios pela tempestade, o vento chacoalhava a camionete, com um zumbido intimidador.
Pelo visto a tensão diminuiria, chegamos à casa do Ricardo. Um leve toque de buzina e alguém vem atender, falando apenas em espanhol. Não era ali, teríamos que voltar alguns quilômetros. Voltamos até determinado arroio, a camionete dava voltas. Vimos que nosso infalível navegador estava perdido. Isso porque estava sempre com um gps à mão. Ele não tinha o domínio pleno da região. Os clarões dos relâmpagos pipocavam para todos os lados, mostrando a força das ondas impelidas pelo vento e a cortina d’água desenhada pela chuva.
Estávamos cansados, mal acomodados, em meio a uma grande tempestade e sem saber o destino. Aí nosso contratado propõe voltar à base da marinha. Sem comentários! Agora? Porque não ficamos lá como na programação inicial? Aliás, com a união de informações descobri que nosso ‘guia’ não quis acampar junto à Marinha por ser um acampamento sobre a areia, saiu para procurar outro com grama. Achou, mas…! E ali estávamos a cerca de 70 km do Chuí. E o que queríamos era sair daquela enrascada, ficar livres de todos aqueles desmandos. –Toca pro Chuí! Ainda havia certa claridade, iríamos com um pouco mais de segurança por um tempo. Pelo lado de fora, a chuva, o vento e os raios continuavam assustadores. Richard reclamava de uma goteira que o incomodava, Cacá media o deslocamento via um de seus inúmeros aplicativos. Algumas piadas aconteciam, mas no íntimo todos queriam sair logo dali. A ideia da visita de algum tronco submerso por sob a camionete era nada nada agradável. Depois de um bom tempo vimos felizes as casas do Hermenegildo (povoado próximo à Barra do Chuí), o destino estava próximo.
Depois de umas três horas de termos saído do Albardão chegamos à Barra do Chuí, não era da forma como pretendíamos, mas como era bom estar ali! O ‘cocheiro’ passou na pousada da cunhada para deixar a caretinha com a cozinha. Se ele cometeu várias falhas no serviço prestado ao menos mostrou ser bom motorista, mostrando habilidade sob as condições adversas naquele trecho de praia. Dali fomos para o tal do Chuí. Fomos ao mesmo hotel onde havíamos reservado para o sábado, um quarto triplo e outro quádruplo. Era quarta-feira e o gerente alterou a data sem problema algum. Hotel Firper, ótimo atendimento. Tiramos toda a tralha da camionete e o motorista ficou de passar ao meio dia do outro dia para devolver os objetos que ficaram perdidos por lá.
O hotel fica próximo ao centro, mas pela chuva havia um pouco de lama pelos arredores, pedimos para chamar um táxi para irmos comer. Veio um táxi uruguaio, depois descobrimos que eles cobram mais caro e então só pedíamos táxi brasileiro. Mônica e Cátia preferiram ficar dormindo. E nós, depois de algumas voltas, escolhemos uma pizzaria. Apreciando uma cerveja Patrícia, comemos um metro e meio de pizza! Cada 25 cm possui oito pedaços, estava ótima. E o atendimento da garçonete era muito bom, uma passagem ficou marcada. Cacá e Richard comentavam aos brados e gestos as aventuras e desventuras do dia quando houve uma intervenção: – Não briguem! Era Cecília, a prestativa garçonete preocupada com os ânimos que, para quem não conhece os autores, pareciam acirrados. Voltamos ao hotel e praticamente desmaiamos.
No outro dia fomos vasculhar o Chuí e o Chuy. Os preços do free shop não eram lá essas coisas, para mim a andada serviu para trocar moeda para a viagem ao Uruguai que faríamos nos dias seguintes. Voltando ao hotel soubemos que os dois da camionete já haviam passado por lá. Pelo visto estavam sem sinal, não atenderam telefone nem Whatsapp.
Para almoçar nos indicaram o restaurante Rodeio, bom preço e atendimento. Lá comentávamos do gasto extra com hotéis e refeições que o final antecipado do passeio proporcionou. Queriam perguntar ao José Luíz se haveria devolução de alguma diária, pois só a da camionete ficariam faltando três diárias. A R$380,00 cada uma (cobrou também R$2,50 por km rodado, esse item estava correto). O rancho (alimentação) foi cobrado R$40,00 por dia por pessoa, considerando apenas dois dias cheios eram R$560,00. Ele devolveria alguma coisa? A diária do cozinheiro nem perguntaríamos, ele não tinha culpa de nada. E ao final do almoço alguém fala: – ‘Olha a Dunes!’
Trouxe os objetos que ficaram na camionete e sentaram-se à mesa. Após conversas sobre o Chuí e a aventura interrompida o ilustre prestador de serviços foi indagado sobre a diferença entre o que foi pago e o que foi utilizado. Disse que não devolveria nada. Não insistimos, ter encerrado essa prestação de serviço já era um ponto muito positivo. E se ele tivesse um mínimo de tino comercial teria pago uma diária no hotel, ou pago a conta do almoço. Seria bem mais barato que uma diária da camionete mais o rancho, e bem mais diplomático. Nada. E saiu convicto de que cumpriu à risca tudo que fora combinado.
Nos balizamos por um vídeo encaminhado pelo dono da Dunes que mostrava o funcionamento do apoio, e chamou a atenção o cardápio mostrado. Porém descobrimos depois que a alimentação foi obra dos integrantes do grupo mostrado.
Alguns fazem essa travessia levando tudo, acho muito penoso. Indo um carro de apoio facilita muito, inclusive se alguém tiver algum problema. Eu pretendo voltar e dessa vez fazer em oito dias, invés dos sete da programação original. Fica uma média de 27,5km ao dia. Não desgasta muito e ainda pode-se atingir algumas das lagoas da região, aproveitar melhor a fauna e flora e belezas locais.
Texto e fotos enviados pelo nosso amigo leitor Almir Maciel
Boa Tarde! muito obrigado por essas informações, no meio do ano pretendo fazer uma cicloviagem terminando o Sul, seguindo destino ao uruguai e argentina, gostaria se possivel informar as localizações de pouso, pois estarei indo sozinho por este caminho.