A SpHike (palavra que aparentemente deriva de “sport hike”) é uma bota leve, confortável, impermeável e com um bom solado da Vibram. Este modelo da Hi-Tec se comporta como calçado intermediário entre uma bota de trilha e um tênis para trilha – apresentando um bom conforto e uma certa robustez.
Fizemos os testes iniciais desta bota durante os três dias da Travessia Petrópolis-Teresópolis (Rio de Janeiro), onde ela passou pelos mais diversos tipos de terreno, indo desde as trilhas normais de terra batida até lages inclinadas de rocha e lamaçais.
Além disso fizemos caminhadas urbanas com a SpHike a fim de testar seu conforto também na cidade, caso alguém pretenda adotar este modelo para uso em mochilões ou peregrinações.
Peso, construção e impermeabilidade
As botas da Hi-Tec que levam o “V-Lite” no nome são botas feitas com a ideia de redução de peso. A mesma coisa acontece com a sigla “Mid” – que indica botas de cano médio; e com a sigla “WP” que mostra que aquele modelo é impermeável.
Segundo o site nacional da Hi-Tec a Sphike pesa 480 gramas. Como eu achei outros reviews na internet com diferenças neste valor resolvi pesar a minha que é número 40 – justamente o tamanho usado para rotular o peso médio dos calçados geralmente. O resultado foi: 487 gramas!
A tecnologia V-Lite reduz o peso do calçado sem abrir mão de outros itens importantes como o conforto e a durabilidade. A bota é construída em nobuk nas áreas de maior abrasão e um tecido Mesh robusto em outros pontos do corpo dela. Além disso as áreas externas em destaque (verde fluorescente nas fotos) são feitas em EVA. A entressola em CMEVA com dupla densidade provém redução de impacto e auxilia no conforto, além disso ela conta com a ajuda de outras partes da bota: a palmilha com tecnologia OrthoLite – usada largamente calçados de performance para trail running e outros esportes; e a injeção de “borracha líquida” dentro da sola na região dos dedos e do calcanhar. Este mix de tecnologias faz com que a bota seja confortável mesmo durante longos períodos em uso, como a situação na qual ela foi testada, em caminhadas com duração de até 8 horas em um dia.
O cano se comportou muito bem, não machucando nem na parte posterior da perna nem na anterior. Durante esses dias de trekking a bota foi usada sempre com uma única camada de meia, modelos apropriados para trekking. Alternei entre dois pares ao longo destes dias, um da marca Lorpen e outro da inglesa Bridgedale – não tive problemas como bolhas em nenhum ponto do pé – independente da meia usada.
A palmilha OrthoLite ajuda, e muito, no conforto da bota. Ela conta com ação anti-microbial, é lavável, leve, ajuda a afastar dos pés a umidade do suor e promete manter a espessura dela em 95% na maioria do tempo, não sendo “achatada” com o uso. Mais detalhes da OrthoLite no site deles (em inglês).
Além de ser impermeável, a Sphike é também respirável, essas duas características são obra da membrana Dry-Tec, uma membrana especial com milhões de microporos pequenos o suficiente para eliminar o vapor do suor da parte de dentro do calçado e ainda assim impedir a entrada de água, mesmo que a bota esteja submersa – desde que respeitado o limite da lingueta, como pode ser visto abaixo:
Os passadores dos cadarços são em aço inoxidável e não apresentaram dificuldades ou problemas no momento da amarração ou durante o deslocamento.
O Solado Vibram
O solado conta com a tecnologia da Vibram, marca bem conhecida no mercado de calçados outdoor – amada por uns e odiada por outros. E aqui cabe um comentário: muito da má fama dos solados Vibram no Brasil se deve ao modelo “Outdoor” que equipava diversas botas há alguns anos atrás, e ainda equipa algumas. Este modelo “problemático” da Vibram já jogou muita gente no chão devido a pouca aderência dele em pisos úmidos. Pois bem, este não é o caso do modelo Vibram que compõe a sola da Sphike, o solado se comportou razoavelmente nos pisos por onde passou, incluindo situações com lama e lages de rocha bem inclinadas. Porém, derrapou algumas vezes em trilhas cobertas com aquela camada fina de barro. Além disso o desgaste após os 28km de uma travessia Petrópolis-Teresópolis foi bem pequeno, inclusive na parte abaixo do calcanhar ainda é possível ver os pequenos hexágonos e triângulos que se espalham pela primeira camada do solado.
Conclusão
A V-Lite Sphike Mid WP é uma bota que eu recomendaria para trekkings mais leves ou para usuários menos frequentes. Ela tem pontos negativos importantes relacionados à resistência (leia o UPDATE mais abaixo). Usei a bota em uma travessia Petrópolis-Teresópolis com uma mochila cargueira pesando entre 10 e 15 quilos. Três dias de caminhada em terrenos variados, afundando ela na lama e arrastando-a nos lances de rocha, bem como em uma Volta da Ilha Grande (70Km, em 2016) e em outras trilhas menores ao longo do tempo em que ela está comigo. O baixo peso e a palmilha confortável ajudaram muito também no bom desempenho urbano – claro que com o visual dela nem sempre todos a usarão na cidade, mas para mochileiros e para pessoas que não se incomodam com as cores vibrantes essa é uma boa indicação de bota para uso em viagens mistas.
Esta é a terceira bota da Hi-Tec que eu reviso, já testei a Buxton (ótima), a Dakota (boa) e agora a Sphike.
Vale citar que a bota continuará em uso e se eu tiver alguma informação relevante que venha a aparecer depois ela será adicionada aqui na forma de um [update] contando com a data de adição da nota.
A Sphike apresentou alguns pequenos pontos com descolamento do solado junto ao cabedal após a minha Volta da Ilha Grande, onde ela foi castigada com muita lama e água. A bota apresentou descolamento leve nas laterais do calcanhar e no ponto onde o pé dobra, tanto no pé direito quanto no esquerdo.
Avaliação da Bota V-Lite Sphike Mid WP
- Produto: Bota V-Lite Sphike Mid WP
- Uso: Bota para trilhas
- Fabricante: Hi-Tec
- Tamanhos: 39 ao 43 (segundo o site da marca, em setembro de 2014)
- Peso: 487g na nossa pesagem (número 40 – um dos pés)
- Materiais: Nobuk, tecido Mesh, membrana impermeável-respirável Dry-Tec, Solado Vibram, entressola em CMEVA, passadores em aço inox, EVA.
- Solado: Vibram
- Impermeável: sim, impermeável e respirável. Usa a membrana Dri-Tec
Pontos positivos e negativos
- Pontos positivos: leve, confortável, impermeabilização, solado com boa aderência
- Pontos negativos: apresentou descolamentos leves do solado junto ao cabedal nas regiões do calcanhar e na dobra do pé, após 1 ano e meio de uso, aproximadamente. Poderia ter um modelo com cores menos vibrantes
Olá DeveSer, infelizmente não é possível prever se uma bota vai ou não incomodar, neste caso você só vai saber usando. Cada pé é um pé, é bem normal ver pessoas elogiando um determinando calçado e outras reclamando. Eu acabei de voltar da Ilha Grande, onde fizemos um trekking de mais ou menos 70km e eu usei exatamente esta bota, peguei bastante chuva e muita lama, mas não tive problemas com bolhas. Aliás é importante citar que parte da culpa pelas bolhas está nas meias, é importante usar meias adequadas para o tipo de atividade e clima do local. Meias muito grossas em locais quentes irão acumular o suor dos pés e favorecerão o aparecimento de bolhas, num caso assim meias mais finas, com tecnologias como a Coolmax, seriam mais recomendadas. Pesquise sobre este assunto também. Abraços e bom caminho! Ah, me desculpe pela demora na resposta, mas eu estava de férias!
Olá Mario! Vc conhece ou tem alguma informação sobre a qualidade das botas North Face? São adequadas para caminhadas longas, como o caminho de santiago?
Oi Branco, assim como todas as botas que eu conheço já vi gente reclamando e elogiando as botas da The North Face. Num comentário recente de um amigo meu ele falava sobre uma bota da TNF que deixou ele na mão… Mas tenho ou outro amigo que está bem feliz com a dele… Eu particularmente não posso te dar a minha opinião pois nunca usei uma bota da The North Face. O melhor no seu caso seria experimentar outras marcas além dela e ver o que melhor se adequaria no seu caso. Não descartaria um papo com algum outro peregrino, conheço uma menina que fez o Caminho e que usou uma Salomon, que no quesito conforto costuma ser ótima. Abraços!
Bota da TNF são ótimas, nunca usei nada mais confortável. Porem o custo x beneficio é péssimo. É uma bota que custa em media 900 reais e nao dura 200km.
Olá amigo, achei essa bota por um bom preço na netshoes(R$280) , vc acha uma boa compra-la? Vai ser minha primeira trilha e estou em dúvida entre essa hitec, macboot guarani(R$260) e timberland valey(R$240).
Oi Diego, a Sphike é uma bora que funciona bem para trilhas mais simples, sem terrenos acidentados ou úmidos demais. Se você leu o texto até o final notou que eu coloquei uma atualização que se refere a um descolamento do solado que apareceu após alguns dias de trilha com muita umidade, onde a bota sofreu bastante. Uma dica importante sobre botas: não é possível prever se um solado de uma determinada marca/modelo irá ou não descolar, e isso pode acontecer com qualquer marca. Das marcas que você citou eu ficaria com a Hi-Tec, porém dependendo do tipo de trilha que você pretende fazer pode ser necessário investir mais dinheiro e pegar uma bota ainda melhor! Na minha visão existem 3 equipamentos onde economizar muito dinheiro costuma dar dor de cabeça: bota, mochila e barraca. São três itens que podem acabar a sua caminhada. Pense nisso!
Acabei de comprar uma bota da Hi Tec Sierra Lite I WP depois de andar 3km no reto a bota na parte do calcanhar tem um revestimento que me parece uma napa preta esfarelou toda com apenas um uso na parte da frente entre o dedão e o dedinho ela te aperta demais quase não dá para andar.
Essa questão do esfarelamento indica que provavelmente você comprou uma bota que estava guardada por muito tempo! Esse tipo de dano, bem como o descolamento do solado, pode acontecer quando a bota fica parada por muito tempo em uma vitrine ou estoque. Isso é uma das grandes pegadinhas no que diz respeito a comprar uma bota (e vale para qualquer calçado normal também). Calçados que ficam parados por muito tempo ou que ficam em locais quentes costumam apresentar problemas de descolamento ou até mesmo esfarelamento do solado.
Olá Mario boa tarde, acabei de comprar essas botas pois pretendo fazer uma trilha no mês que vem. Queria te perguntar ao respeito do tamanho, uma outra avaliação feita por outra pessoa destacou o fato de comprar um numero maior do que geralmente usado em outro tipo de tênis. Você tem alguma sugestão a respeito disso ou como vc disse no primeiro comentário cada pé é um pé.
Oi Danielo, isso mesmo, cada pé é um pé. O ideal é que a bota não fique justa na frente. Se isso acontecer as suas unhas poderão bater na frente do calçado durante as descidas mais ingrimes e após certo tempo de caminhada isso vai começar a te machucar. Além disso, te recomendo usar a bota antes da trilha, principalmente para verificar se alguma coisa vai te incomodar durante a caminhada ou se ela vai apresentar algum problema.
Olá! Tô trilhando direto com essa bota. Ela tem um comportamento excelente nas mais variadas condições de lama, pedras e água, além de garantir grande aderência nos terrenos. Ela surpreende bastante, por ser leve e macia, que proporciona muito conforto durante um dia inteiro de uso. Adquiri um par após assistir ao review. Obrigado pelas dicas. Grande abraço!
Olá Mario, tudo bem?
Poderia dar mais detalhes desse solado Vibram que deixou muita gente na mão? O Outdoor.
Procurei na Internet e não encontrei.
Obrigado
Olá Diego, o Vibram Outdoor foi um solado que estava presente em muitas botas nacionais há alguns anos atrás, por volta de 2012-2015 se não estou enganado. Era um solado ótimo em termos de durabilidade já que a borracha era bem dura e durava bastante em termos de desgaste, porém essa mesma característica dela fazia com que o solado tivesse um desempenho péssimo em pisos úmidos. derrubando muita gente. Naquela época botas como a Nômade (Vento) Titã e algumas Snake usavam esse solado. Porém ele não está mais em uso atualmente, ao menos não nas mesmas botas que existiam naquela época e continuam existindo.
Aqui tem uma imagem do Vibram Outdoor em um anúncio antigo das primeiras versões da Bota Titã da antiga empresa Nômade, atual Vento.
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