Por onde anda Marcelo Maroldi ?? O aventureiro nos mandou um relato direto de Salamanca para compartilhar:
” Escrevo já saindo da Provincia de Salamanca, fria e bonita. Andei até aqui cerca de 850 km, 27 dias seguidos. Felizmente, nenhum problema ou incidente.
Ando sozinho, praticamente não há caminhantes ou peregrinos neste inverno rigoroso. Já me habituei a estar só, e também ao frio. Todos os dias a temperatura está abaixo de zero pela manhã, que é o horário mais gelado do dia. Até umas 10 horas da manhã todo o chão está coberto de gelo, é bonito de ver, apesar das dificuldades que isto trás para caminhadas. Porém, o grande vilão é o vento, seja nas regiões altas ou em terrenos abertos. Com mochila nas costas não é tão difícil perder a estabilidade. De todo modo, tenho procurado andar leve, carregando entre 9 e 12 quilos, apenas (a maioria roupas de frio).
É extremamente importante camadas de roupas. Tenho percebido que o corta-vento é fundamental. De manhã é sempre complicado caminhar, embora fisicamente eu esteja descansado nesse horário. Há muito frio, vento e neblina, por dentro as roupas ficam úmidas, mas posso sentir o frio gélido do lado de fora. Sinto como se estivese numa bolha.Não posso tirar as roupas pois realmente está muito frio, então sigo suando por dentro, mas protegido e aquecido. A tarde o sol nasce, fica mais fácil, mas o vento aumenta, e é sempre terrível.
Tenho andado pelo menos 30 km por dia, geralmente uns 35, mas já cheguei a andar 50. É preciso ficar consultando mapas para ver as cidades do caminho, pois muitas não tem hotéis ou albergues onde dormir. Muitas hospedagens fecham nesse período.
Há dezenas de trilhas para trekking e bicicleta na Espanha. Geralmente estas trilhas são bem marcadas, com nomes e distâncias. Então, vou andando entre setas e placas indicativas, dos mais diferentes caminhos (caminho de Santiago, rotas de trekking, via de la plata, etc.). As vezes é uma confusão a sinalização e recorro ao gps. Já me perdi dezenas de vezes, mas nada preocupante. Raramente encontro alguém para perguntar algo, as trilhas são solitárias, são 8 horas diárias andando sozinho. Na grande parte do tempo não se vê ninguém e só se escuta os próprios passos.
Fisicamente, estou bem. Meus pés estão bem inchados, as pernas doem de madrugada, quando esfria muito. Mas nada grave.
Percorri trilhas muito bonitas, embora a natureza no Brasil seja mais linda. No início eram mais parecidas com trilhas, agora geralmente são estradas rurais de terra, algumas vezes estradas de asfalto. Mas há trilhas, hoje mesmo encontrei uma placa com duas opções: seguir pela estrada ou por um trilha estreita e acidentada cruzando uma montanha… foi fácil decidir.
Visitei castelos, fortificações, muralhas, igrejas milenares, sigo agora a calçada romana. Ainda tenho cerca de 600 km pela frente, mais uns 18 dias (ou menos, pois estou pensando em começar a andar mais forte, intercalando trechos de 40 e 50 km; vale notar que a maioria dos que fazem estas rotas costumam andar cerca de 25 km).Estou num bom ritmo e já bem desgastado física e emocionalmente, não tenho muitos motivos para ir devagar. Tenho muito chão para andar ainda, muita coisa para ver e muita emoção por viver…”
Espetacular, se me chamaram de doido quando fiz a Estrada Real a pé, imagine o que seria uma caminhada assim? Muito bacana msm.
Vlw
Emocionante! Bom demais.
Também queremos compartilhar nossas andanças com vocês, amantes da natureza assim como nós, Assistam, comentem! Namastê.
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