Tutoriais e Técnica

Princípios de Conduta Consciente em Ambientes Naturais

Por Fábio Fliess do blog http://naturezaadentro.blogspot.com/

“O intuito do blog é também servir como um veículo de informação para todos que o visitam. Achei que seria legal compartilhar com vocês alguns princípios que devem ser adotados por todos que pretendem frequentar ambientes naturais. Espero que gostem!!!

1 – Planejamento é fundamental

– Antes de visitar qualquer área, procure entrar em contato com a administração para conhecer o regulamento e obter informações sobre as restrições existentes.
– Informe-se sobre as condições climáticas da região a ser visitada e consulte a previsão do tempo antes de qualquer atividade em ambientes naturais.
– Procure viajar em grupos pequenos, de até 10 pessoas. Grupos menores se harmonizam melhor com a natureza e causam menos impacto.
– Sempre que possível, evite viajar para áreas muito concorridas durante feriados prolongados e férias.
– Certifique-se de que você possui uma forma de acondicionar seu lixo (sacos plásticos), para sempre trazê-lo de volta.
– Escolha as atividades que você vai realizar de acordo com o seu condicionamento físico e sua experiência em ambientes naturais.

2 – Você é responsável por sua segurança

– Uma operação de salvamento em ambientes naturais é cara e complexa, podendo levar dias e causar grandes danos ao ambiente. Portanto, em primeiro lugar, não se arrisque sem necessidade.
– Calcule o tempo que passará viajando e deixe um roteiro de viagem detalhado com alguém de confiança, com instruções para acionar o resgate, se necessário.
– Avise a administração da área que você está visitando sobre: sua experiência, o tamanho do grupo, o equipamento utilizado, o roteiro e a data esperada de retorno. Estas informações facilitarão o seu resgate em caso de acidente.
– Aprenda técnicas básicas de segurança, como navegação (como usar um mapa e uma bússola) e primeiros socorros. Para tanto, procure os clubes excursionistas da sua cidade, escolas de escalada, etc. Em geral, todos possuem cursos básicos que ajudarão nessas situações.
– Tenha certeza de que você dispõe do equipamento apropriado para cada situação e que saiba utilizá-lo. Acidentes e agressões à natureza em grande parte são causados por improvisações e uso inadequado de equipamentos. Leve sempre lanterna, agasalho, capa de chuva e um estojo de primeiros socorros, alimento e água, mesmo em atividades com apenas um dia ou poucas horas de duração.
– Caso você não tenha experiência em atividades recreativas em ambientes naturais, entre em contato com centros excursionistas, empresas de ecoturismo ou condutores de visitantes para contratar um guia. Visitantes inexperientes podem causar impactos sem perceber e correr riscos desnecessários.

3 – Cuide das trilhas e dos locais de acampamento

– Mantenha-se apenas nas trilhas pré-determinadas – em hipótese alguma use atalhos que cortem caminhos. Os atalhos só favorecem a erosão e a destruição das raízes e plantas inteiras.
– Mantenha-se na trilha mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade de uma trilha faz parte do desafio de estar imerso na natureza. Ao contornar a parte danificada de uma trilha, você contribui para causar um estrago ainda maior no futuro.
– Quando estiver acampando, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto.
– Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Procure avaliar com antecedência se a área visitada permite acampamentos.
– Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água.
– Não cave valetas ao redor das barracas, escolha com calma o melhor local e use um plástico sob a barraca.
– Bons locais de acampamento são encontrados e não construídos. Nunca corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar. Ao sair, procure deixar o local o mais próximo possível de como o encontrou.

4 – Traga seu lixo de volta

– Se você puder levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, pode trazê-la vazia na volta.
– Ao percorrer uma trilha, ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que elas permaneçam como se ninguém houvesse passado por ali. Remova as evidências de sua passagem. Não deixe rastros!
– Não queime nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar completamente, e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o lixo produzido de volta com você.
– Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não existam banheiros na área, cave um buraco com quinze centímetros de profundidade a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, e em local onde não seja necessário remover a vegetação.

5 – Deixe cada coisa em seu lugar

– Não construa qualquer tipo de estrutura, como bancos, mesas, pontes etc. Não quebre ou corte galhos de árvores, mesmo que estejam mortas ou tombadas, pois podem estar servindo de abrigo para aves ou outros animais. Procure deixar tudo como está.
– Resista à tentação de levar “lembranças” para casa. Deixe pedras, artefatos, flores, conchas etc. onde você os encontrou, para que outros também possam apreciá-los.
– Vale a máxima: “tire apenas fotografias, deixe apenas leves pegadas, e leve para sua casa apenas suas memórias.”

6 – Não faça fogueiras

– Fogueiras matam o solo, enfeiam os locais de acampamento e representam a grande parcela dos incêndios florestais.
– Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para acampamento. Os fogareiros modernos são leves e fáceis de usar. Cozinhar com um fogareiro é muito mais rápido e prático que acender uma fogueira.
– Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna em vez de uma fogueira. Uma fogueira ainda impede a perfeita visão de uma bonita noite estrelada.
– Se é absolutamente necessário acender uma fogueira, utilize os locais previamente estabelecidos, e somente se as normas da área permitirem.
– Mantenha o fogo pequeno, utilizando apenas madeira morta encontrada no chão.
– Tenha absoluta certeza de que sua fogueira está completamente apagada antes de abandonar a área.

7 – Respeite os animais e as plantas

– Observe qualquer animal a distância. A proximidade pode ser interpretada como uma ameaça e provocar um ataque, mesmo de pequenos animais. Além disso, animais silvestres podem transmitir doenças graves.
– Nunca alimente animais. Eles podem acabar se acostumando com comida humana e passar a invadir os acampamentos em busca de alimento, danificando barracas, mochilas e outros acampamentos.
– Não retire flores e plantas silvestres. Aprecie sua beleza no local, sem agredir a natureza e dando a mesma oportunidade a outros visitantes e às gerações futuras.

8 – Seja cortês com outros visitantes

– Ande e acampe em silêncio, preservando a tranquilidade e a sensação de harmonia que a natureza oferece. Deixe rádios e instrumentos sonoros em casa.
– O lugar dos animais domésticos é em casa. Caso traga o seu animal com você, mantenha-o controlado todo o tempo, incluindo evitar latidos ou outros ruídos. As fezes dos animais devem ser tratadas da mesma maneira que as humanas. Elas também estão sob sua responsabilidade. Procure saber com antecedência se a área visitada permite a entrada de animais domésticos.
– Cores fortes, como branco, azul, vermelho ou amarelo, devem ser evitadas, pois podem ser vistas a quilômetros de distância e quebram a harmonia dos ambientes naturais. Use roupas e equipamentos de cores neutras, para evitar a poluição visual em locais muito freqüentados.
– Colabore com a educação de outros visitantes, transmitindo os princípios de mínimo impacto sempre que houver oportunidade.

Fonte: O texto acima foi uma livre adaptação do folheto editado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente – Diretoria do Programa Nacional de Áreas Protegidas, em dezembro de 2000, com a colaboração técnica do Centro Excursionista Universitário e apoio financeiro da embaixada dos Países Baixos. Esse folheto representa a mais recente iniciativa no sentido de sistematizar um conjunto de princípios sobre o mínimo impacto adequado à realidade brasileira. Também representa o engajamento de um órgão oficial na busca de uma mudança de atitude em relação ao uso público de áreas naturais e de unidades de conservação como os Parques Nacionais. As principais referências utilizadas foram o material da Leave no Trace Inc. e o folheto Excursionismo Consciente, organizado pelo geógrafo e montanhista Roney Perez dos Santos e distribuido pelo CEU em 1996. “

Apaixonada pelas coisas boas da vida: montanhas, trilhas, aventuras, viagens e amigos.

    4 Comentários

    1. Bacana o texto…

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