Pico do Paraná. Montanha mais alta do sul do Brasil com 1.877 m de altitude. Localizado entre os municípios de Antonina e Campina Grande do Sul, no Paraná. A região do Conjunto Ibitiraquire, que em tupi-guarani significa “Serra Verde”, virou Parque Estadual do Pico Paraná, em 2002 pelo Decreto Estadual 5769. Ali estão localizadas algumas das maiores formações rochosas do Estado do Paraná, entre elas, o próprio Pico do Paraná, o Ibitirati (1.876 m), Caratuva (1.85 6m), o Siririca (1.740 m), o Agudo da Cotia, o Itapiroca, o Taipabuçu, o Ferraria, o Tucum, o Camapuan.
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O Parque Estadual do Pico do Paraná abrange parte dos municípios de Morretes e Campina Grande do Sul, totalizando 4.333,83 hectares. O Parque Estadual do Pico Paraná faz parte do conjunto de montanhas que compõe a Serra do Mar, dividindo o Primeiro Planalto Paranaense e a planície litorânea. A Mata Atlântica que cobre a Serra do Mar paranaense é uma das porções contínua mais preservada dessa formação no Brasil. Tem aproximadamente 500 mil hectares e a vegetação é composta em quase sua totalidade em Floresta Ombrófila Densa Montana e Alto-montana e de refúgios ecológicos, o parque abriga também mais de 2.500 espécies vegetais, além de diversos animais ameaçados de extinção, tais como a onça-pintada, o puma, a anta e aves como o gavião pega-macaco e o cuiu-cuiu, entre outros. (fonte: Clube dos Aventureiros)
Bom!! A partida se dá na Fazenda Pico Paraná. A trilha exige relativa dificuldade técnica, mas não é muito recomendada para iniciantes, pois exige muita atenção do montanhista e considerável preparo físico, já que sem interrupções, para se chegar ao topo é possível levar de 6 a 8 horas seguidas. O clima é outro ponto de destaque e merece planejamento. No inverno, não é difícil ter uma sensação térmica abaixo de zero graus, principalmente por conta dos fortes ventos constantes na região.
E são exatamente estas condições que nos atraem como preparação para os objetivos de nossa equipe KOT (Keep on trekking). Nos últimos meses estamos vivendo situações extremas. Muitas dificuldades e verdadeiros testes físicos e psicológicos, afinal desafiar o Monte Aconcágua em Janeiro de 2013 exige um ótimo nível de preparação. Nossas montanhas não oferecem sintomas de altitude, mas temos no Brasil condições de terrenos das mais variadas características e isto agrega muito em nossa preparação. Enfim, voltando ao Pico do Paraná.
Partimos de Blumenau, Santa Catarina, por volta das 5h da manhã do dia 14/07 com sentido a Curitiba onde pegaríamos um dos integrantes KOT (Keep on trekking). A temperatura em Blumenau neste horário estava na casa dos 12º graus. A temperatura foi baixando consideravelmente a medida que subíamos a serra com sentido a Curitiba e lá chegando, já estávamos com os termômetros marcando 1º grau. Muito frio!! A chegada por lá foi as 7h45 e dando sequência à viagem, chegamos na Fazenda Pico Paraná por volta das 8h45.
Ao estacionar o carro, um susto. A fazenda estava lotada!! Muito lotada e as primeiras informações levavam a crer que não haveria espaço para acampar no acampamento 1, 2 e no topo. O dia estava maravilhoso, sem vento e com o sol esquentando aos poucos a temperatura. Enfim!! Era de se entender o motivo de tanta gente, até porquê choveu muito em dias anteriores na região.
Então, após pagar a taxa de R$ 10,00 para o acesso na fazenda e depois de conversar com o rapaz que toca a fazenda (Gilson), nos foi recomendado montar acampamento no topo do Itapiroca, montanha lateral ao Pico do Paraná e a 5ª mais alta do sul do Brasil com 1.805m de altitude. O acesso a esta montanha se dá em boa parte no mesmo caminho sentido Pico do Paraná, pegando uma bifurcação a direita depois de aproximadamente 3h de trilha. Desta forma, mudamos nossa estratégia e seguimos rumo ao Itapiroca com força total para garantir nosso acampamento.
Partimos então as 9h20. A primeira metade deste trecho não oferece grandes dificuldades, apenas inclinação o tempo todo, mas de trilha sem muitos obstáculos. Vale lembrar que toda a trilha é bem sinalizada, com cores diferenciando as rotas. Nossa primeira parada foi ás 10h50 no topo do Getúlio, uma espécie de mirante no caminho. Nos alimentamos, hidratamos e seguimos em frente. Falando em hidratação, mais um alerta. A trilha oferece poucos pontos de água. Principalmente nas primeiras 3 horas, onde encontramos apenas 1 bica após o Getúlio. Até o Pico Paraná, existem outros pontos, mas para quem acampa no Itapiroca, é necessário levar reservas para café, cozinhar e se hidratar. Fica a dica!!
Então, retornado à trilha, saímos do Getúlio por volta das 11h25 e por volta das 11h48, encontramos a primeira bica d’água. Seguindo em frente, por volta das 12h20 finalmente encontramos a bifurcação indicando Pico Paraná (esquerda) e Itapiroca (direita). Da bifurcação até o topo do Itapiroca são aproximadamente 30 minutos se você estiver muito carregado, o que era o nosso caso. Passamos um pouco na verdade, pois não tínhamos pressa nenhuma já que não atacaríamos o Pico Paraná no mesmo dia, então tocamos a trilha de forma bem tranquila. Dessa forma, alcançamos o topo do Itapiroca ás 13h00.
A chegada foi sensacional, pois deste topo foi ter a primeira visão do Pico Paraná bem a nossa frente. Imponente, gigante, um monstro de montanha com suas pontas elevadas e desafiadoras. Pegamos um dia com céu claro e então, era possível avistar o mar, a cidade de Morretes, Paranaguá, o porto de Paranaguá. Foi uma sensação fantástica a ao mesmo tempo angustiante ver um certo congestionamento na trilha e de cima do Itapiroca, utilizando uma câmera fotográfica com um zoom de 300m, avistando os acampamentos 1 e 2 enchendo aos poucos. Era possível ver também algumas pessoas no topo do Pico Paraná. Não tínhamos outra solução a não ser aguardar o segundo dia bem cedo para atacar o cume.
Assim, montamos acampamento, circulamos em volta com muita tranquilidade e descansamos também. Aos poucos iam chegando mais montanhistas com a mesma intenção, mas como fomos os primeiros a chegar por lá, conseguimos um lugar plano para nosso acampamento. Geralmente o contato entre os montanhistas durante as trilhas é sempre de muito companheirismo e amizade, o que facilita a confraternização e em alguns casos de emergência, a solidariedade. E lá não foi diferente!! No topo do Itapiroca começamos a conhecer outros montanhistas e o final de tarde foi muito divertido. Nosso amigo KOT Rob Gol preparou o famoso Strombelete (Massa com liguíça Blumenau) e tomando um vinho que levamos extra na barraca (só para molhar o bico no frio), essa janta caiu como uma luva.
OBSERVAÇÃO: Lembram da falta de água que comentei acima? Pois então!! Sentimos na pele. Não tínhamos água suficiente para janta e café no outro dia, mais a continuidade da trilha rumo ao Paraná ou pelo menos até chegar até a próxima bica. Então, por nossa sorte encontramos uma poça d’água ao lado de nossas barracas. Parecia estar limpa, mas por desencargo de consciência, enchemos uma panela e colocamos 2 cloríns (purificador de água) para evitar maiores problemas. Após, fervemos e aí sim, preparamos a janta. Ou seja, lei da sobrevivência, rsrsrs!!
Vale lembrar que fomos assaltados!! Rsrs!! Um pequeno descuido e alguns “preás” atacaram uma mochila semi-aberta e puxaram um sanduiche que estava aparente. Cena cômica!! Uma comida a menos na epxedição!! Claro, tudo muito divertido, engraçadinho mas NUNCA dê alimento para animais silvestres. Fica outra dica!!
Em seguida ao jantar, observamos o por do sol. E foi um momento único, fantástico!! Absolutamente sensacional. Registramos de todos os ângulos possíveis e imagináveis. A noite caiu e com ela chegou uma brisa leve. Um vento fraco, mas que somado à baixa temperatura, deixava o ar ainda mais frio. Mas a noite estralada nos provocava e ficamos fora das barracas até umas 20h30. Cedo ainda, mas para descansarmos e nos prepararmos para o ataque logo cedo de domingo, resolvemos nos recolher. E foi o momento exato, pois o vento apertou um pouco mais e a temperatura também caiu.
E foi aí que começou o problema. No decorrer da madrugada o vento aumentou, aumentou e aumentou, rsrs!! A noite gelou e por volta das 5h, 6h da manhã começamos a observar as barracas molhadas (vendo de dentro para fora). Ou seja, as 6h fui para fora da barraca e peguei um vento de aproximadamente 60km/h (estimativa). Era muito forte. Varetas de minha barraca já haviam saído do lugar. O frio lá fora foi de cortar a mão e como estava todo mundo dentro de suas barracas, voltei correndo para a minha após arrumar as varetas soltas. Voltei para o saco de dormir.. rsrs.. porquê a sensação térmica com vento era seguramente negativa. Acreditamos que por volta de -7º, -9º aproximadamente. O termômetro de um integrante KOT enlouqueceu, inclusive!!
Nos alimentamos dentro das barracas, cada um com a sua alimentação própria. Não foi possível um café compartilhado, mas cada integrante tinha o suficiente para reforçar a energia por alí mesmo. Em torno das 7h resolvemos sair definitivamente das barracas e montamos uma força tarefa para nos ajudarmos na desmontagem das barracas. Não foi nada fácil, pois os ventos eram muito, mas muito forte. Como disse acima, parecia que as mãos cortavam com o vento e frio. Minha mão ficou roxa rapidamente. Nem em Urubici onde pegamos -11º graus tivemos esta sensação tão extrema. Enfim!! Nossa tarefa era recolher tudo o mais rápido possível e partir. Assim o fizemos e apesar das dificuldades, com a solidariedade do grupo nas barracas mais complicadas, conseguimos “organizar” tudo rapidamente e tocamos adiante. Seguimos até a bifurcação onde fizemos uma breve reunião para decidir o que fazer. Voltar? Ou tentar Pico Paraná? Será que o nevoeiro iria acabar? A noite anterior estava tão bonita, com céu estrelado. Não seria passageiro? Votando em grupo, decidimos seguir em frente até um momento ou um local que poderíamos tomar a decisão com mais segurança. Era muito cedo ainda e não valeria a pena partir, voltar para a fazenda.
VÍDEO DO VENTO PELA MANHÃ (link para o vídeo no Facebook do KOT)
Assim sendo, escondemos as mochilas na mata, pegamos alimentos e hidratação e seguimos em toda velocidade e com um gás fantástico rumo ao Pico Paraná. Sem mochilas de 16, 17kg ficou tudo mais fácil. O ponto de dificuldade estava por conta da umidade na trilha. Muitos pontos de lama, árvores molhadas e alguns trechos com a neblina fechando a trilha. Seguimos, fomos ao nosso limite e novamente encontramos um certo congestionamento, porém desta vez de gente voltando. Foi aí que começamos a nos prepararmos (individualmente) para a volta, para a decisão de retornar. Tocamos até um ponto considerado limite. Um ponto com paredão de pedra, com escadas e cordas após o acampamento 1. Pegamos neste local, uma fila absurda de gente descendo muito devagar, claro por conta de toda cautela que se fazia necessária. Principalmente porque muitas das pessoas que estavam descendo, não eram montanhistas. Eram turistas totalmente despreparados em relação a equipamentos, botas, capas de chuva e/ou anorak e daí por diante. Fica aqui o alerta inclusive, para as pessoas que queiram se aventurar pelas montanhas. Procurem informações, estudem o local, os equipamentos e vestuários necessários. Não saiam sem uma BOTA. Avisem para onde estão indo a alguém da cidade de origem. Levem rádios ou celulares e principalmente GPS e etc..
Nosso grupo KEEP ON TREKKING é patrocinado por uma loja de aventuras em Blumenau (SC) chamada WARFARE e através dela, vamos para as trilhas com calças específicas e principalmente com as BOTAS HI-TEC V-Lite Buxton. Uma excelente bota que nos deu muita segurança nesta aventura. Tanto na aderência como no equilíbrio. E segurança é palavra de ordem.
Enfim!! Tomem todo cuidado do mundo!! Foi preocupante ver aquele pessoal voltando com o tempo naquelas condições. Nós, já mais experientes em montanhas e trilhas já estávamos encontrando nosso limite. Ficamos imaginando a condição psicológica daquele pessoal tendo que enfrentar cerca de 7 horas de trilha para voltar à Fazenda Pico Paraná…
Mas, ali naquele ponto tomamos a decisão mais importante de todo o final de semana. Resolvemos em GRUPO, RECUAR!! Não era possível continuar com aquela condição do tempo. Já estávamos a algumas horas na trilha e o nevoeiro não baixou e a chuva aumentou. Somado ao congestionamento, tomamos a decisão certa!! E isto é um grande treinamento. Estar consciente dos nossos limites, dos limites impostos pela montanha, pelo clima e tomar a decisão de não continuar para ficar em segurança. A montanha não sairá do lugar e as oportunidades serão muitas para a volta. Assim sendo, partimos também em velocidade para a bifurcação do Itapiroca com Pico Paraná, local onde estavam nossas barracas. Assim que as encontramos, fizemos um rápido lanche e continuamos a luta do retorno. Neste dia, ficamos cerca de 5 horas em trilha. Claro, que sem mochilas durante boa parte do tempo, o que facilitou muito nosso deslocamento.
Com isto, chegamos ao Getúlio novamente para nos alimentarmos e realizarmos algumas fotos com as bandeiras de nosso patrocinador e para estreiar a bandeira do Trekking Brasil. Seria no topo do Pico Paraná, mas com absoluta consciência e bom senso, ficará para a próxima. Mas o registro foi feito e inauguramos assim a bandeira do Trekking Brasil com montanhistas pelo Brasil a fora.
Chegamos na fazenda ás 13h horas e de minuto em minuto chegavam e retornavam ainda mais montanhistas e trekkers. Havia um só banheiro e um só chuveiro para toda a população de aventureiros na fazenda. Então, o “tiozinho” faturou com pastel, hehehe!! Todos se aglomeravam em frente ao casebre onde se encontrava o banheiro e também a cozinha onde era vendido os pastéis. Muito bom por sinal!! Rsrs!! A fome era de leão depois de muita trilha. Daí em diante, nos preparamos para o retorno para Blumenau. Chegamos aos braços de nossas famílias já imaginando as próximas aventuras em preparação à expedição Aconcágua em janeiro de 2013.
A lição nesta montanha foi forte. A tomada de decisão em grupo e saber o momento de recuar. Um grupo se faz com pessoas diferentes, de diferentes crenças, opiniões e filosofia. Mas a convivência em harmonia só é possível quando respeitamos o próximo. E as trilhas, o trekking nos ensina isto frequentemente. Neste caso em específico, foi fundamental a harmonia e sintonia do grupo para que pudéssemos arriscar, mas com limite. Recuar, com consciência e tranquilidade. Como dito acima, é preciso também respeitar a montanha. Ela define as regras. O clima define o roteiro. Nossa cabeça define nosso destino. Estando preparado, haverá sempre segurança e sucesso nas expedições. E sucesso não é o “cume”. Sucesso é retornar para contar esta história.
Estiveram presentes nesta expedição os 5 aventureiros que farão parte da aventura no Aconcágua: Juliano P. Sant’Ana, Charles Zwicker, Robson Dalmolin, Emerson Bernardes e Frederico Sousa. Fazem parte da equipe também, as aventureiras Andreia Quintino Sant’Ana, Marcela Barros e Doris K. Dalmolin.
Acesse nosso blog e nossa página no facebook e acompanhe nossas aventuras. Acompanhe nosso projeto rumo ao Aconcágua e ao Huayana Potosi. A primeira expedição deve ocorrer no início de janeiro de 2013)
Para quem não conhece, não somos atletas profissionais mas montamos um projeto para mostrar às pessoas comuns, como sair da zona de conforto. Temos trabalho, família, filhos, correria do dia a dia e nos momentos de folga, procuramos nos aventurar com responsabilidade, estudando a modalidade, a prática de trekking e montanhismo, as questões de segurança e os equipamentos necessário para executar com segurança. Nos preparamos fisicamente com treinos de corrida, treinamento funcional, acompanhamento de nutricionista, academia (Bio Gym Academia), musculação e etc… Estamos com uma meta, um objetivo e até lá, executamos e executaremos novas aventuras como preparação. Também somos apoiados pela Oficina das Palavras Assessoria de Imprensa e pela Fujiro Ecotêxtil com vestuário casual. Inclusive estamos vendendo camisetas de trekking em nossa Facebook Store para angariar fundos e realizar nossa tão sonhada expedição.
Assista abaixo um breve vídeo resumo de nossa aventura pelo Pico Paraná. E pela nossa página no youtube você pode encontrar outros vídeos.
Mantenha sempre a caminhada. Esteja seguro!!
Grande Abraço!!
Juliano P. Sant’Ana
Equipe KEEP ON TREKKING!!
Olá Mario queria te perguntar como foi o preparo da alimentação de vocês no acampamento, pois já comentaram com minha pessoa que não é permitido o uso de fogo no Parque, poderias me explicar melhor, Agradeço. Abraços Carolina.
Carolina a matéria é do Juliano Sant’ana, eu só fiz a publicação aqui. Mas é bem normal ouvir que não se pode usar fogo em determinados locais, não se pode na verdade é fazer fogueiras. Fogo com fogareiro é permitido já que é bem mais seguro que uma fogueira além de não apresentar o mesmo impacto ambiental que a fogueira apresenta. Aliás figueiras – seja pra cozinha ou mesmo aquecer – já causaram estragos enormes em parques nacionais mais de uma vez. Abs, Mario.
Bom saber que vcs são daqui de blumenau… tb sou, qualquer dia marcamos uma junto…
Deixa eu te perguntar…. aconselhas levar quantos litros de água pra uma pessoa ? Assim, de largada….
Faz tudo em um final de semana tranquilo né? Considerando pessoal jovem, com experiencia e bom preparo}
Abraços