Onde: Minas Gerais – Conceição de Ibitipoca/Lima Duarte
Duração da trip: de 2 a 3 dias livres para curtir o parque inteiro
Melhor época do ano: é viável ir o ano inteiro, mas cuidado no período de chuvas de verão, os raios são intensos nesta época
Classificação: Trilhas fáceis e médias expostas ao sol.
Destaques: paisagens, grutas e quedas d’água com possibilidade de banho
Indicado para: qualquer pessoa com algum preparo físico e acostumada com caminhadas, inclusive crianças nos circuitos menores
Mais um convite dos amigos e mais uma trip na agenda, eu estava me devendo uma visita a Ibitipoca, até por que minha irmã tinha ido lá em 2009 e havia me falado bem do Parque. Não tinha como recusar essa oportunidade, assim saímos na sexta-feira de tarde do Rio em um carro e nos encontramos com um casal de amigos em Petrópolis. Saindo do Rio estavam eu, Elias Maio, Wilton Martins e a Christinne; em Petrópolis encontramos o Fábio Fliess e a esposa dele, Letícia.
Mais algumas horas de estrada, bons papos, boa música e estávamos em Lima Duarte – MG. Raios caindo pra lá e pra cá na estrada e nós preocupados com o tempo no dia seguinte. Paramos em um posto de gasolina na entrada de Lima Duarte para reabastecer um dos carros e comer alguma coisa. Agora era a hora do “off-road” começar. Entre Lima Duarte e Ibitipoca são 27Km de estrada de chão, uma estradinha que fica bem ruim para os carros normais quando chove. Felizmente a chuva não tinha caído nos pontos mais críticos da estrada, assim passamos sem maiores problemas. Ao chegarmos na Vila de Conceição do Ibitipoca a fome falou mais alto e fomos para uma pizzaria. Pizzas devoradas, muitas risadas e um bom papo como sempre – então vamos pra pousada/camping, por que o dia amanhã começa cedo!
Ficamos em uma pousada/camping com ótima estrutura – Reserva Canto da Vida. Banheiros limpos, com água quente nos chuveiros e cabines individuais, piscina, um ótimo espaço pras barracas (eles fizeram algumas clareiras no terreno, assim as barracas ficam em áreas separadas – muito agradável isso), um bom café da manhã (por R$ 15,00) e diárias de camping com preço justo (pagamos R$ 15,00 cada). Além disso a pousada oferece chalés, algumas pessoas do grupo optaram pelos chalés, eu e o Wilton ficamos nas barracas mesmo!
Montamos as barracas, o pessoal foi pros chalés e desabamos nas camas/isolantes térmicos. A noite foi tranquila com aquele friozinho de Minas, um extra agradável pra quem assim como eu adora um clima frio. Acordamos por volta das 06:30, hora de arrumar as mochilas de ataque, tomar o café da manhã e partir pro parque. Um diferencial legal da pousada que escolhemos é que ela tem uma trilha nos fundos da área de camping que sai a uns 500-700m da portaria do Parque Estadual de Ibitipoca. Seguimos pela trilha até a estradinha, mais um tempo de caminhada e estávamos na portaria do PE.
Taxa de entrada: R$ 15,00 (aqui tudo custa 15 reais, rsrsrss). Uma coisa legal sobre o Parque: eles disponibilizam sacolas retornáveis para o pessoal juntar o lixo e trazer de volta – aliás o parque é muito limpo – coisa que me deixou muito feliz! As trilhas são bem sinalizadas e abertas, não tem como se perder. Levei o GPS para gravar os tracklogs e postar aqui para ajudar vocês a se programarem melhor, mas não era necessário para se guiar. Neste primeiro dia de trilha o tempo começou nublado, mas depois o sol apareceu. Nosso grupo se separou em dois: Fábio e a Letícia foram para o Circuito das Águas; eu, Elias, Wilton e Chris fomos para o circuito da Janela do Céu, o mais longo do parque, com cerca de 16-17Km de distância.
Outra coisa legal do parque é o restaurante self-service que existe em frente ao Relógio de Sol, uma ótima opção para quem retorna das trilhas. Com custo de R$ 18,00 você come a vontade sem balança, incluindo um ou dois pedaços de carne.
O parque tem 3 circuitos: das Águas, da Janela do Céu e do Pico do Pião. Fizemos dois deles, ficou faltando o Pião para mim. Mas parte do nosso grupo foi até lá no segundo dia.
Dia 01: Circuito da Janela do Céu
Destaques: Paisagens, grutas, cachoeiras e piscinas naturais – Cachoeirinha e Janela do Céu – principalmente
Distância: entre 16 e 17 KM
Nível: médio, o caminho apresenta algumas subidas, mas nada demais para quem está acostumado.
Dica: leve roupa de banho, toalha, lanterna e protetor solar
Nós começamos a trilha através do restaurante/relógio, é possível fazer a trilha subindo por uma estrada fechada por uma corrente (no caminho entre o centro de visitantes e o restaurante, na esquerda). Essa estrada vai levar o caminhante no sentido contrário daquele que fizemos, por ela vocês sobem primeiro pela Lombada/Cruzeiro para descer nas grutas, Janela do Céu e Cachoeirinha. Indo pelo restaurante o sentido fica: Cachoeirinha – Janela do Céu – Grutas – Lombada/Cruzeiro.
A trilha não apresenta maiores dificuldades no início, a caminhada tem algumas subidas isoladas no meio e nos trechos finais. O sol agride o tempo inteiro, então leve bastante água (2L foi o que eu levei), protetor solar, óculos escuros, roupas leves e um boné/chapéu. A primeira parada foi na Prainha, em uma pequena ponte de madeira. Saindo de lá a trilha segue pela direita do rio, subindo pelas pedras.
Saindo da Prainha a trilha segue sem maiores problemas, com alguns trechos de subida leve até “Monjolinhos” – uma piscininha natural que fica em um buraco, acessível por escadas de madeira. No retorno a trilha encontra um trecho mais íngreme de subida.
Seguimos a trilha passando por alguns trechos de belas paisagens, inclusive um paredão perdido no meio da vegetação que se destacava no visual. Neste pedaço a caminhada continua a subir… Próxima parada: Cachoeirinha, uma das paisagens mais belas do Parque na minha opinião, e não são poucas!
A Cachoeirinha é uma queda de uns 30 metros, acredito eu, que se forma de um zig-zag da água por entre a pedra, um visual lindo de cima e ainda mais bonito quando descemos e chegamos até a piscina que ela forma na base. Uma coisa legal aqui é a cor da água – ou as cores – culpa dos sedimentos e minerais presentes no local. A água vai do transparente até a cor de mate, um leque lindo para quem gosta de fotografar! Pra mim o melhor point para um banho de cachoeira junto com a Cachoeira dos Macacos (essa última no circuito das Águas)!
A Cachoeirinha tem uma conexão com a Janela do Céu através de um riozinho, é possível cortar caminho por ele até a Janela, porém só opte por isso se você estiver disposto a se molhar e se não tiver muitas coisas de valor na mochila – nesta hora uns sacos estanque podem ajudar bastante! A água atinge o peito mais ou menos, a opção é passar com as mochilas para cima ou se molhar. Se for encarar esse caminho tire os calçados e seja feliz!
Para quem não quer se molhar tanto basta voltar pela mesma trilha que vocês usaram para chegar na cachoeirinha e seguir a trilha na direção do Rio que forma a Cachoeirinha.
Mais alguns minutos e estamos na Janela do Céu, uma queda d’ água que na verdade não se destaca pela queda em si, mas pela forma que ela se apresenta antes da queda. A Janela do Céu é um poção onde a vegetação cria uma moldura, uma janela mesmo, para a paisagem – algo diferente de tudo que eu já tinha visto.
Ficamos um bom tempo por lá curtindo a água e fazendo algumas fotos. Mas ainda tínhamos muita trilha pela frente, então… Voltamos pelo caminho e seguimos em direção a portaria do parque pelo caminho que sobe, estávamos indo em direção às grutas e depois para Lombada e Cruzeiro. Agora a caminhada não apresenta mais nenhum ponto de água onde pudéssemos relaxar um pouco, sendo assim tocamos pra cima rumo às grutas.
São 3 grutas no total: a dos Fugitivos, a dos Três Arcos e a dos Moreiras. Só não fomos nesta última por causa do horário. Gastamos bastante tempo na Cachoeirinha e na Janela, além das paradas para fotografar, então resolvemos pular esta última gruta. A gruta dos Fugitivos é um grande corredor sem maiores atrativos, um túnel que leva para trilha da Gruta dos Três Arcos. Essa sim é uma formação bem legal. A gruta apresenta três grandes arcos, como se fossem portais em cada uma das pontas, a foto a seguir mostra bem o cenário!
Saímos da Gruta dos Três Arcos e chegamos ao trecho mais “cansativo” da trilha, uma sucessão de subidas até atingirmos a Lombada, um ponto com cerca de 1715m de altitude. Dali para baixo é descida e mais descida, passando pelo Cruzeiro e terminando naquela corrente que fecha a estrada, que eu citei no início deste primeiro dia aqui no relato. Ou seja, essa é uma longa trilha circular, que começa e acaba mais ou menos no mesmo ponto.
Fim do primeiro dia de caminhada, ainda corremos até o restaurante para ver se conseguíamos comer mas não chegamos a tempo… Uma pausa para um pequeno lanche e voltamos já de noite para o camping/pousada. Chegamos lá por volta das 19:30, famintos! Então cada um partiu pro banho e fomos todos jantar na Vila de Ibitipoca, ou “centrinho” como alguns chamam. Um lugar de “3 ruas” principais, onde se concentram os bares, restaurantes e lojas de presentes. A fome estava grande, paramos em um restaurante e encaramos um bom churrasco acompanhado de vinho e cerveja!
Dia 02 – Circuito das Águas
Destaques: Ponte de Pedra, Paredão de Santo Antônio e Cachoeira dos Macacos
Distância: entre 5 e 6KM
Nível: fácil, o caminho apresenta algumas subidas leves no trecho final.
Dica: leve roupa de banho, toalha e protetor solar
Essa trip levou dois dias e meio, mais ou menos. Na sexta-feira fomos até Ibitipoca, no sábado fizemos o Circuito da Janela do Céu e no domingo, o Circuito das Águas e retornamos ao Rio de Janeiro.
Neste segundo dia nosso grupo se separou novamente, mas com outra configuração. Agora Wilton, Fábio e Letícia foram em direção ao Pico do Pião e eu, Elias e a Chris seguimos pelo Circuito das Águas, um passeio curto mas que rende ótimas fotos, com direito a uma ótima cachoeira pra curtir o sol e a água gelada.
O Circuito das Águas é o passeio mais leve do Parque Estadual de Ibitipoca, são uns 5KM de trilhas bem tranquilas com lindas paisagens. A trilha começa no restaurante/relógio e segue margeando o Rio e o Paredão de Santo Antônio.
Desça a trilha em alguns pontos e caminhe ao lado do rio, tem ótimos pontos para fotografar. Apenas fique atento em dias de chuva por causa do volume da água e cuidado para não escorregar nas pedras úmidas.
Logo após o Paredão de Santo Antônio a trilha segue para a Ponte de Pedra. Uma formação muito legal, onde o rio passa por baixo de um grande arco, formando uma “grutinha”. Atualmente o final da trilha da Ponte de Pedra está fechado, o que obriga o caminhante a ir até lá e voltar pela mesma trilha para chegar até a Cachoeira dos Macacos.
A trilha segue bem aberta e sinalizada até um mirante, um deck de madeira onde é possível ver de cima o vale onde se encontra a Cachoeira dos Macacos e a enorme piscina que ela forma. Um ótimo lugar para fotografar a paisagem. Que nós aproveitamos bem!
O sol estava quente, pedindo uma cachoeira – mais alguns minutos descendo a trilha e estávamos na Cachoeira dos Macacos – um dos melhores locais para tomar um bom banho! Mas chegue cedo, pois como ela é bem acessível costuma ficar mais cheia.
Passamos um bom tempo curtindo a cachoeira e fazendo algumas fotos, mas não podemos demorar mais por que tínhamos que encontrar o resto do grupo para almoçar, voltar para Pousada e se preparar para desmontar tudo e seguir de volta pro Rio de Janeiro. Esse trecho de volta para o restaurante do Parque é uma subida que vai castigar alguns por causa do sol, porém as belas paisagens – principalmente da Ponte de Pedra valem o esforço. A dica aqui é descer por uma escada de madeira logo após o ponto mais alto da trilha, mais ou menos de frente para o restaurante. Esta escada vai lhe levar até a Prainha (aquela primeira parada do relato do dia 01). Dali para o restaurante é só subir um pouco.
Resumo
O Parque Estadual de Ibitipoca e a própria Vila valem muito, é uma viagem relativamente barata e muito gostosa. O local pequeno agrada, o parque é lindo e a pousada/camping que ficamos realmente surpreendeu. Antes de sair da Vila não deixe de visitar a Igrejinha, a Capela de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca (se não me engano o nome é esse) e comprar alguma lembrança do lugarejo nas lojinhas… Ah, uma dica, na estrada entre Ibitipoca e Lima Duarte tem uma pequena lojinha que vende queijos e doce de leite feitos na fábrica ao lado da lojinha! Uma senhora muito atenciosa, sempre sorridente e com aquele sotaque de Minas vai lhe atender, recomendo o queijo Minas, o provolone defumado e o doce de leite!
E a viagem rolou com SOJA e Red Hot Chili Peppers na trilha sonora da estrada!
Bons ventos e até a próxima! Hasta!
Fotos: Mario Nery
GPS – Tracklog das trilhas do parque
Acesse os tracklogs do Parque de Ibitipoca em: https://trekkingbrasil.com/tracklog-parque-estadual-de-ibitipoca/
Recomendo a noite uma esticada ao Bar do Firma, é parada obrigatória a todos os visitantes !