Tutoriais e Técnica

Orientação com bússola e mapa – Parte 4 – Final

Esse artigo é a continuação do artigo “Orientação com bússola e mapa – Parte 3

Anteriormente vimos os conceitos básicos sobre orientação, bússola e cartas topográficas, agora vamos aprender a usar todos os conceitos que vimos anteriormente para nos localizarmos em um mapa e navegar até um determinado ponto.

Tudo que será visto abaixo depende da DECLINAÇÃO MAGNÉTICA para uma navegação perfeita, não deixe de calcular os valores de declinação antes de tirar os azimutes usados nas técnicas apresentadas a seguir.

7.0 – Navegando sem o uso de um mapa

É muito melhor poder contar com uma carta topográfica e se orientar de forma correta, mas em alguns casos, quando queremos apenas chegar em um destino bem visível e sem grandes obstáculos no percurso podemos navegar sem o uso de uma carta.

Quando estamos em um terreno qualquer e desejamos caminhar até um ponto específico, como uma montanha, podemos simplesmente tirar o azimute daquele ponto e caminhar até lá mantendo a bússola apontada para aquele azimute durante o deslocamento. Para voltar ao ponto inicial basta usar o azimute reverso. Esses conceitos já foram vistos anteriormente.

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Isso funciona muito bem quando temos um objetivo simples, que não está em um terreno complicado de ser percorrido. Contudo se você se deparar com um obstáculo no meio do caminho terá que mudar um pouco a sua maneira de se orientar.

7.1 Contornando obstáculos que não podem ser ultrapassados

Uma situação muito comum durante o processo de orientação é nos depararmos com algum tipo de obstáculo natural – um cânion, um grande lago, etc – que não pode ser atravessado em linha reta, seja por uma limitação de equipamentos ou por questões técnicas. Vamos ver um exemplo:

Imagine que entre você e o seu destino existe um grande lago que precisa ser contornado. Neste caso será necessário anotar o valor do azimute do seu destino e guardá-lo para usar depois.

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Na ilustração acima temos que atravessar o lago para continuar no nosso caminho até o objetivo. Ao chegarmos à margem anotamos nosso azimute para o destino e fazemos uma rotação de 90º para um lado qualquer (direita ou esquerda) – marque essas duas informações, os 90 graus e o lado usado – no nosso exemplo a direita.

Agora vem a parte importante, marque o tempo e/ou a distância percorrida – para marcar a distância conte os seus passos (mas saiba quanto mede uma passada sua). Ao atingir a “quina” no lago faça outra rotação de 90 graus, neste caso para a esquerda e continue caminhando até atingir a outra “quina” do lago. Ao chegar lá faça novamente uma rotação de 90 graus para a esquerda e caminhe o mesmo tempo ou distância que caminhamos no início do contorno, no nosso exemplo 30 min ou 1 km. Ao terminar esta caminhada você estará alinhado (ou próximo) com o mesmo ponto que estava no início do processo e consequentemente poderá usar o mesmo azimute para seguir até o seu objetivo.

Para não deixar de caminhar em linha reta durante os trechos de 1Km do nosso exemplo você pode usar a bússola para tirar o azimute de um ponto de referência e seguir na direção deste ponto até que seja necessário fazer a primeira rotação de 90 graus para a esquerda mostrada no gráfico acima. O mesmo pode ser repetido nos outros trechos.

7.2 Posicionando a carta topográfica em relação ao terreno

O primeiro passo para se orientar com eficiência é seguir os passos de um processo conhecido como ESAON (Estacionar – Sentar – Alimentar – Orientar – Navegar). Claro que nem sempre podemos comer. Mas ajustar o mapa com calma é fundamental para evitar uma leitura errada da carta e acabar ainda mais perdido por causa disso.

A parte de cima de um mapa aponta sempre o norte, sabendo disso basta pegar a bússola e descobrir para onde ela aponta. Descoberta a direção alinhe o norte do mapa (parte de cima) com o norte apontado pela bússola, as linhas meridionais da bússola devem ser alinhadas com as linhas da carta topográfica. Não se esqueça de calcular a derivação magnética usando os dados que estão na carta topográfica para alinhar o mapa com perfeição.

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Pronto, agora que a carta está posicionada é hora de escolher dois pontos que estejam bem visíveis no terreno (montanhas, lagos, estradas, etc) e usar um procedimento conhecido como triangulação para achar a sua posição atual e assim traçar a rota que será usada.

7.3 Triangulação – achando a sua localização no mapa.

Mantenha o mapa posicionado e escolha pelo menos dois pontos de referência na sua frente, preferencialmente opte por pontos de fácil identificação na carta, tais como lagos ou grandes montanhas. Identifique esses pontos no mapa. Tire o azimute desses pontos. Faça um ponto de referência primeiro, logo em seguida, sem tocar no limbo giratório da bússola, localize esse ponto no mapa e encoste a régua da bússola nele. Alinhe o norte da agulha magnética com o norte do mapa, feito isso risque uma linha na carta usando a régua da bússola. Repita o procedimento para o segundo ponto de referência.

O ponto onde essas linhas se cruzam é aproximadamente o ponto onde você está no mapa.

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Após tirar o azimute para cidade, sobreponha a bússola no mapa e com auxílio da régua trace uma linha, como mostra o desenho acima

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Repita o mesmo processo para o outro ponto de referência escolhido.

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O cruzamento dessas duas linhas representa o local aproximado onde você se encontra no mapa atualmente.

Depois de definir a sua localização você poderá tirar o azimute de um ponto para onde pretende ir e assim navegar pelo terreno. Lembre-se de escolher trechos mais planos e menos íngremes se for possível, isso facilita a sua navegação e reduz o seu desgaste físico.

7.4 Usando um transferidor para achar o azimute de um ponto

É possível usar um transferidor para achar o azimute de um ponto no mapa caso você saiba onde você está. Para isso posicione o marcador do meio do transferidor sobre o ponto onde você está e mantenha o transferidor alinhado com as linhas da carta topográfica, como mostra a imagem abaixo. Trace uma linha até o ponto desejado, os graus apontados pelo transferidor serão os mesmos referentes ao azimute daquele ponto. Esse é um método alternativo, já que nem sempre temos um transferidor em mãos.

transferidor

Com este artigo nós terminamos essa série de textos sobre orientação com bússola e mapa, espero que vocês tenham conseguido aprender e sejam capazes de colocar os conhecimentos em prática se for necessário algum dia.

Boas montanhas, caminhadas, etc!

Trekker, montanhista, mochileiro e ciclista. Pratica esportes outdoor desde 1990. Apaixonado por equipamentos, fotografia, viagens, ciclismo, cerveja e tecnologia.

16 Comentários

  1. Eu sempre tentei me orientar com a bussula, porem sempre me perco, consigo ler cartas e me orientar visualmente usando as cartas, porem junto com a busula nunca consigo… Preciso de umas aulas disso ou comprar logo um GPS…rsrsr
    Muito bom os textos.

  2. Fiz curso de orientração a mais de 20 anos, e suas explicações me ajudaram a refrescar a memoria, mas ainda encontro uma dificuldade, tenho que entrar em floresta densa com frequencia, como posso me orintar com a bussula?, já tirei o azimute da casa, mas dou muitas voltas com o mato fechado e não quero abrir picadas, porem marco o caminho ao velho estilo. Mas mau objetivo é usar a bussula para sair da floresta.

  3. Estava buscando algo na internet que me ajudasse a relembrar as aulas de cartografia. Adorei suas explicações… me ajudaram muito. Abrç

  4. Denis, usar a bússola em área de floresta fechada é muito complicado, principalmente por que você não tem como ter referências para navegar. Em uma situação dessas é necessário que você encontre algum acidente geográfico fácil de ser identificado em uma carta topográfica ou que você consiga subir em algum morro para poder ter uma visão mais ampla e aí determinar a sua posição e navegar com clareza. Outro detalhe, em uma situação de mata fechada vai ser impossível caminhar com facilidade sem abrir uma trilha, em regiões com vegetação menos densa isso já se torna complicado… Em regiões de mata muito densa até alguns GPS não conseguem obter a sua localização.

    Para sair da floresta você tem que ter uma idéia de onde é a saída e qual o caminho mais simples até ela, qual o mais curto. Para isso é fundamental ter uma visão de um plano mais alto.

  5. boa tarde
    andei mt tempo a procura para os escuteiros e encontrei este magnifico artigo. tirei mts apontamentos, para explicar aos meu grupo d escuteiros. mt simples tem td q é preciso saber para se orientar.
    e uma explicacao facil d entender.

    parAbens :)

  6. Mario Nery,

    Muito Obrigado, vc me ajudou muito.

    Abs

  7. Mário, já copiei a matéria completa sobre orientação! Puxa obrigada mesmo cara, muito objetivo e claro. Vou passar para o meu clube de desbravadores e com certeza vou usar no próximo acampamento e trilha!!!

  8. Excelente tutorial de como usar a bussola e mapa , com certeza deu um trabalhao para ficar pronto , muito obrigado pela gentileza

  9. De nada Ricardho, sim deu bastante trabalho, mas ficou bem legal e é uma coisa básica que a galera que se aventura por aí tem que dominar! Por isso publicamos! Abraços e obrigado pela visita e pelo comentário.

  10. Valeu pelo artigo, é o mais completo que achei. Tenho certeza de que está ajudando muita gente, assim como me ajudou. brigadão

  11. Muito bom o artigo, valeu.

  12. Boa tarde! Estou começando a fazer o esporte Orientação, e usar bem a bússola é essencial. Por isso caí por aqui, na sequência destes ótimos artigos. Neste último, surgiu uma dúvida ao fazer a triangulação: ao traçar o azimute para as referências, é indiferente traçar a reta ao lado da bússola (na régua) ou ao centro (seta de direção), na direção da referência? Me parece que escolher um ou outro pode determinar uma diferença grande. E no desenho que você fez, parece que a bússola está posicionada em lugares diferentes no mapa. Isso foi proposital? Também não pode gerar uma posição errada? Acho que me perdi no item 7.3; ainda reli o item 3 do primeiro artigo, mas não resolveu. Acho que os desenhos do item 7.3 não estão acompanhando a sua explicação, ou encontrei a minha limitação. Parabéns pelo trabalho!

  13. ACHEI MARAVILHOSO PODER LER E DEITAR-ME POR UM BOM TEMPO NAS TÉCNICAS EXPLICADAS. PENA NÃO PODER IMPRIMIR ESSES CONHECIMENTOS. NÃO NOS FURTE DESSA OPORTUNIDADE.

  14. Olá Mario, muito obrigado pela excelente matéria. Extrair o azimute de um terreno ficou mais fácil. Estes artigos estão em PDF ?

  15. Mario, muito bom o conteúdo. Tb tenho essa dúvida em mata fechada, pois o azimute é bem inútil nesse caso né? Pq na mata fechada temos que desviar o tempo todo de obstaculos. É possivel navegar aproximado apenas com as direções N-NE-NW-S-SW-SE ? Se sim, como posicionar a bussola nesse caso?

    1. Oi José, depois de um século eu vou te responder. desculpe a demora, mas o site ficou parado por um tempo e eu resolvi retomar agora, então pra ajudar outras pessoas com a mesma dúvida eu vou responder tua pergunta.

      Essa questão sempre aparece quando falamos de bússola, a falta de visada para tirar o azimute de uma referência. Neste caso se você souber mais ou menos para onde precisa ir pode ser orientar de forma básica usando as direções. Basta alinhar o norte da agulha da bússola com o N na marcação do limbo giratório e você terá uma referência das direções (N-S-L-O e afins) em relação ao norte magnético. Ao ter essa informação tu pode usar a marcação em graus do limbo giratório para ter a sua referência de direção de caminhada. A técnica é a exatamente a mesma do azimute, só que ao invés de se basear em uma referência do terreno você vai se orientar por um ponto cardeal. Por exemplo:

      Tu alinhou a bússola com o norte e viu que você precisa seguir para leste (90 °). Basta começar a caminhar nesta direção e ir realinhando a orientação sempre que você achar necessário (após contornar um grande obstáculo, por exemplo). Não será a forma mais precisa de orientação, obviamente, mas irá te ajudar a manter um rumo.

      Abraços!

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