Eu sou suspeito para falar de livros que contam relatos, histórias e causos do montanhismo no passado, pelo simples fato que eu tenho uma curiosidade grande pelo desenvolvimento do esporte aqui no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro. O livro “História do Montanhismo no Rio de Janeiro – dos primórdios até os anos 1940” do Waldecy Lucena é um verdadeiro achado que eu garimpei numa pilha de livros que estavam em uma loja de livros usados em Copacabana. Este exemplar que comprei tem inclusive a assinatura do autor e uma pequena dedicatória: “Léa Moriça, Abraços. Waldecy” – isso torna o livro ainda mais interessante pra mim.
Nestas 220 páginas de texto simples, mas ricamente ilustrado por fotos (156 ao total) e croquis históricos, o autor conta como foi a evolução do montanhismo no estado do Rio, focando em três áreas básicas – Serra dos Órgãos, capital e o planalto do Itatiaia. O Itatiaia e a Serra dos Órgãos – principalmente a Serra – ganham notório destaque na fase onde as montanhas mais difíceis estavam sendo exploradas. É possível ler os relatos da conquista da Agulha do Diabo, Dedo de Deus e outras montanhas mais. Acompanhar como foram as expedições até a Pedra da Gávea ou como se deu a abertura da Travessia Petrópolis-Teresópolis…
No Rio o “excursionismo” foi inicialmente confundido com o “pedestrianismo” (esporte competitivo onde as pessoas caminhavam por um trajeto buscando ver quem fazia o menos tempo entre os pontos da prova). Essa foi a primeira barreira para a fixação do esporte. Já nesta fase o CEB (Clube Excursionista Brasileiro) estava criado, buscando se expandir e se manter. Depois que este turbulento período inicial passou começaram as conquistas e o surgimento de novos clubes, instituições de controle do esporte nasceram e foram aparecendo os parques nacionais com destaque para o Parque da Serra dos Órgãos… Assim o esporte foi se expandido, conquista após conquista. Muitos clubes sumiram, outros ainda existem até hoje – como o CEB, CEC e o CERJ (antigamente denominado CBE – clube brasileiro excursionista). Essas e muitas outras histórias de superação e garra frente à montanhas desafiadoras e com auxílio de equipamentos totalmente absurdos você encontra nas páginas deste pequeno mas importante livro sobre a história do nosso esporte.
Ah, outro ponto que pra mim é muito interessante, principalmente por ser uma região que eu gosto muito, é a parte onde o Lucena fala e mostra em fotos os abrigos que existiam no caminho para Pedra do Sino em Teresópolis. Fotos dos abrigos 2, 3 e 4 e de outras instalações são vistas nas páginas do livro.
Recomendo e muito a leitura por qualquer um que tenha interesse no tema. A única coisa que me deixou triste é que o plano do autor era de publicar um segundo volume que abordaria a história entre os anos 50 e os anos 2000, porém parece que este volume nunca foi publicado, já que em minhas buscas pela internet eu não localizei nenhuma informação sobre ele.
Existiu uma segunda edição, com 264 páginas, 174 fotos, com impressão melhorada e com ajustes na diagramação – alguns croquis e fotos foram ampliados e passaram a ocupar uma página inteira – melhorando a visualização deles pelo leitor – esta resenha que eu publiquei aqui foi feita em cima da primeira edição. Vale a pena passar na página da editora Montanhar e verificar se é possível comprar este livro por lá ainda – http://www.montanhar.com.br/livraria.html
Ficha e Avaliação
Título: História do Montanhismo no Rio de Janeiro – dos primórdios aos anos 1940
Autor: Waldecy Mathias Lucena
Páginas: 220 (primeira edição) e 264 (segunda edição revisada)
Editora: Montanhar
Lançado em: 2006
ISBN: 85-99637-30-4
Comentários finais
Livro com encadernação simples, com orelhas na capa e contra capa, fartamente ilustrado com croquis das conquistas de algumas vias e da Travessia Petrópolis-Teresópolis, relatos de várias excursões, cartas, jornais… Enfim, um prato cheio para quem se interessa pela história do esporte no Rio de Janeiro. Grande destaque para os detalhes da fundação dos clubes de montanha, principalmente o CEB e o CERJ. Vale a leitura por qualquer pessoa que seja apaixonada pela assunto e por fotos históricas. Recomendo!
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