Nota do Editor: esta é a terceira parte de um total de 6 artigos relatando uma trip feita por Keisuke Kira pela Patagônia. O material foi gentilmente cedido pelo viajante/autor para postagem no TrekkingBrasil.com.
Punta Tombo é uma reserva à 180km de Puerto Madryn onde habita a maior colônia continental de pinguins do mundo.O caminho até Punta Tombo é longo, e partir do momento que se entra na reserva as estradas são todas de rípio, porém muito bem conservadas e sinalizadas. É preciso dirigir com atenção dentro da reserva, existem muitos Guanacos (Lama guanicoe) na beira da estrada, além de lebres e alguns roedores.
O centro de visitantes de Punta Tombo é muito bem organizado, conta com mirante de onde pode se ter uma visão privilegiada de toda a reserva, também possui museu, diversas placas informativas das espécies encontradas ali, além de banheiros limpos, restaurante, lanchonete e loja de souvenirs. A entrada custou 60 pesos, algo em torno de R$ 18,00 (tarifa p/ adulto estrangeiro). Depois de passar pelo centro de informações, os visitantes são levados de van até o início das trilhas. Logo no começo já percebe-se a quantidade de pinguins que há no local, são milhares por todos os lados. É possível caminhar bem perto dos animais (um caminho demarcado indica por onde o visitante deve andar), pede-se apenas que não se toque e mantenha uma distância de no mínimo 1 metro deles. O passeio vale a pena, o contato tão de perto com os pinguins é uma experiência única e rara.
Como sou leigo no assunto, pedi para uma amiga que realiza uma pesquisa com o comportamento de Pinguins-de-Magalhães dar uma breve introdução sobre essa espécia encontrada em Punta Tombo.
Os Pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) são aves marinhas sul americanas.
Texto: Gabriela Nóbrega Lavorini.
São altamente adaptados para viver no oceano e, em vida livre, passam boa parte do tempo nadando e se alimentando. Os adultos atingem em torno de 70 cm de comprimento e pesam cerca de quatro quilos. Quando jovens, são menores que os adultos e sua plumagem geralmente é acinzentada. Apesar dos pinguins serem considerados símbolos da Antártida, os Pinguins-de-Magalhães não enfrentam as temperaturas antárticas, pois habitam zonas temperadas e estão ambientados com temperaturas de 3oC a 29 oC. Os principais alimentos presentes em sua dieta são a anchoita (Engraulis anchoita), merluza (Merluccius hubbsi) e a sardinha-fueguina (Sprattus fueguensis). A reprodução do S. magellanicus ocorre de setembro a março em grandes colônias. Os Pinguins-de-Magalhães, em sua maioria, fazem tocas para a nidificação, geralmente escolhendo substratos com pouca quantidade de areia ou cascalho e pequenas partículas de argila ou lodo. Os casais estabelecem apenas um ninho com ovos a cada temporada de reprodução e geralmente são gerados dois ovos por casal, com um período de incubação de aproximadamente quarenta dias. Os dois filhotes são cuidados pelos pais que os alimentam por cerca de dois meses. Depois desse tempo os filhotes vão para o mar sem acompanhamento dos pais e após um ano fazem a primeira muda de penas, assemelhando-se, fisicamente, aos adultos.
No ambiente natural os Pinguins-de-Magalhães formam grandes colônias nas costas da Argentina, do Chile e nas Ilhas Malvinas. Alguns pinguins alcançam o litoral sul e sudeste do Brasil no final do outono. Geralmente, são animais jovens que se afastam de seu grupo e chegam bastante debilitados, muitas vezes, devido à contaminação por óleo derramado pelos navios petroleiros que transitam a região. A principal colônia de nidificação da espécie, em Punta Tombo (Argentina), sofreu redução de 400 mil para 200 mil pares reprodutivos entre os anos de 1980 e 2006. Atualmente o Pinguim-de-Magalhães é classificado como uma espécie “quase ameaçada” (IUCN, 2011). No Brasil foi criado o Programa Nacional de Monitoramento do Pinguim-de-Magalhães, com o intuito de aumentar o conhecimento sobre a espécie no país e otimizar os esforços na pesquisa, reabilitação e conservação.
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Texto e fotos: Keisuke Kira
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