Superação é a palavra. Com essa afirmação começamos a contar a história que chegou a nós através do Mauricio Bellani.
Raphael Nishimura, nascido em 1981, tem distonia muscular¹ desde os 8 anos de idade e escala desde 2007. Em 2012 participou do primeiro campeonato de paraclimbing na Itália, que esse ano, em setembro, terá a segunda edição na França entre os dias 12 e 16, saiba mais em World Climbing 2012 – Paraclimbing.
Raphael resolveu, com o amigo Frederick Gonçalves, criar um projeto social, na busca de atletas brasileiros com deficiência e que curtiam o mundo da escalada. A partir daquele momento nascia o https://www.facebook.com/ParaClimbingBrasil
O projeto visa divulgar a escalada esportiva para deficientes físicos, mostrando todos os benefícios físicos e psicológicos envolvidos no esporte.
Abaixo temos uma entrevista com o Raphael Nishimura:
TB – Raphael, os esportes entraram em sua vida como auxílio ao tratamento da distonia?
Raphael – Sim, mas por iniciativa própria pois nenhum médico indicou a prática de esportes.
Na verdade por muitos anos minha deficiência foi diagnosticada como Distrofia Muscular, na qual os músculos acabam perdendo sua função.
TB – Quais foram os primeiros esportes e como a escalada entrou na sua vida?
Raphael – Antes da Distonia atingir um grau elevado, nadar e futebol faziam parte da minha vida, despois da Distonia limitar alguns movimentos a natação foi minha principal atividade fisica, tambem jogava futebol, mas vivia me machucando! E a escalada surgiu pra mim no final de 2007.
TB – Qual foi a sua primeira escalada – indoor ou outdoor?
Raphael – Foi no indoor em 2007.
TB – Você prefere vias esportivas ou tradicionais? Teoricamente, a distonia eleva o grau das vias. Já encontrou problemas complicados em alguma. Se já, como foi?
Raphael – Prefiro as vias tradicionais, pois dá para fazer uma via de grau menor, mas uma duração bem maior, o desafio acaba ficando proporcional também.
Eu nunca havia pensado nesse ponto da graduação da via ficar maior devido a distonia, mas uma vez o Paulo Gil me disse: “o esforço para você escalar uma via de 5º é o mesmo que uma pessoa sem deficiência escalar um 6º, 7º grau.”
Bom teve uma vez que estava escalando em rocha com umas amigas e elas insistiram muito para entrar numa via de 6º grau, acabei entrando era uma via esportiva de uns 15 metros mais ou menos, sabia que iria sofrer nela, pois vi minha gente escalando ela. Mas sou muito teimoso quando entro na via, não desisto fácil, o sol estava forte e não conseguia passar do crux, demorei tanto que precisei trocar de segue e no final devo ter gasto uns 30 minutos para fazer essa via, foi sofrível mas valeu a pena!
TB – Quais os benefícios físicos e psicológicos da escalada?
Raphael – Acredito que a escalada traga mais benefícios psicológicos do que físicos, atividades físicas feitas com regularidade trarão beneficios, mas a escalada vai além, é necessario muita concentração na leitura da via, na execução de um movimento e isso exige muito da parte psicológica! No fim do dia de uma escalada ficamos exaustos, mas com a cabeça limpa!
TB – Como surgiu o projeto Paraclimbing Brasil?
Raphael – A ideia surgiu depois que o meu amigo Fred assistiu a 1ª edição do Campeonato Munndial de Paraclimbing na Itália, na época ele disse que eu deveria treinar e participar em 2012. Escalar em campeonatos nunca foi meu objetivo, mas para criar o Projeto e incentivar novos para-atletas a conhecer a escalada, foi necessário abrir esse caminho e mostrar que é possível, hoje o Projeto está com um alcance grande, temos feito bastante coisa, principalmente a preparação para participar do Mundial na França e o Maurício é o terceiro amigo que ajuda a tocar o Projeto.
Hoje o Projeto é formado por três, um trabalho totalmente voluntário e sem fins lucrativos, que visa divulgar a Escalada no Brasil.
TB – Como será participar da segunda edição do Campeonato Mundial de Paraclimbing?
Raphael – A espectativa esta enorme, mas procuro pensar e me concentrar apenas no treinos, hoje praticamente dobrei meu dias de treino. Lá participarei de duas categorias, velocidade e dificuldade e meu foco esta maior nessa última, tenho treinado muitas vias parecida com a do campeonato, espero poder escalar bem e trazer uma medalha para o Brasil.
TB – Já no Campeonato Brasileiro, no Rio e São Bento do Sapucaí, não houveram outros inscritos. A divulgação é o que falta para termos mais competidores no Brasil? Já existe uma pré-inscrição para a próxima etapa – Belo Horizonte?
Raphael – A Escalada aqui não tem mídia, falta sim muita divulgação, hoje só há ampla divulgação quando acontece um acidente ou morte e mesmo que não tenham nada a ver com a escalada a mídia acaba associando ao esporte, um grande preconceito. A cultura do futebol é muito forte e no Brasil, mas um esporte que é “rentável” não tem mídia e nem apoio!
A próxima etapa Campeonato Brasileiro de Boulder em BH terá as inscrições abertas em 25 de Julho.
Mais informações: 3ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Boulder
TB – O que você diria, como incentivo, a outros deficientes físicos?
Raphael – Vamos a luta, não devemos fazer da deficiência uma desculpa ou tragédia, na vida todos temos problemas, mas devemos contorna-los, às vezes se olharmos para o lado existem coisas e problemas maiores que os nossos!
Não tenho patrocínio e essas empresas me apoiam com seus produtos:
4climb – Experimente essa vibe – http://www.4climb.com.br/
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Alguns Videos Raphael escalando:
Outros vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=u6MqKzCGMOY
http://www.youtube.com/watch?v=0k2H9rt78IA
http://www.youtube.com/watch?v=SX8hZmJZvsw
http://www.youtube.com/watch?v=oaNKae2jD9k
1 – Distonia é o termo usado para descrever um grupo de doenças caracterizado por espasmos musculares involuntários que produzem movimentos e posturas anormais. Esses espasmos podem afetar uma pequena parte do corpo como os olhos, pescoço ou mão (distonias focais), duas partes vizinhas como o pescoço e um braço (distonias segmentares), um lado inteiro do corpo (hemidistonia) ou todo o corpo (distonia generalizada).
Na maioria das vezes, a causa não é conhecida. Acredita-se que os movimentos anormais sejam o resultado de uma disfunção de uma parte do cérebro conhecida como núcleos da base. Em algumas situações, quando os núcleos da base deixam de funcionar de modo adequado, alguns músculos contraem de forma excessiva e involuntária produzindo movimentos e posturas distônicas.
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