Tutoriais e Técnica

Como se proteger de raios???

Nesta semana, mais precisamente em 19 de janeiro de 2009, uma jovem perdeu a vida na Pedra da Gávea (Rio de Janeiro) vítima de um incidente com um raio. Essa situação poderia ter sido evitada caso as pessoas que estavam no grupo soubessem algumas regras básicas para este tipo de situação.

Tais regras são aprendidas em cursos de sobrevivência, no Escotismo, em clubes de montanha e afins. E elas são ensinadas nestes locais por que são importantes. Com a popularização do trekking/hikking muitas pessoas tem se aventurado por trilhas e montanhas sem ter noção de regras básicas, como esta sobre tempestades elétricas. Pensando em evitar mais acidentes eu resolvi divulgar aqui um texto adaptado de diversas fontes que mostra as principais ações em casos de tempestades de raios durante atividades externas.

Como se proteger em caso de uma tempestade

1. Em lugares de altitude como montanhas e morros a probabilidade de ser atingido por um raio é muito maior. Descer durante a tempestade é arriscado, mas mesmo assim se houver condições desça de forma rápida mas sem descuidar da sua segurança durante o caminho. Permanecer no topo é muito pior.

2. Tente sair do lugar antes da tempestade começar, isso evita o pior, ter que descer com raios caindo. Observe as nuvens, a velocidade do vento tanto na altitude onde você está quanto no nível das nuvens. Uma bússola pode ajudar nesse momento, aqui no Rio de Janeiro, ventos Sudoeste indicam aproximação de uma tempestade, portanto ao detectar formações de nuvens e a presença deste vento cancele a subida/escalada e procure descer.

3. Evite qualquer área descampada, como praias, campos, botes; e não fique embaixo de árvores. Nesses locais a probabilidade de um raio usar você como caminho para atingir o solo é muito grande.

4. Caso esteja em uma área descampada evite permanecer de pé, mas também não deite no chão, nessas posições as suas chances de ser atingido aumentam. A posição correta é ficar abaixado e colocar a cabeça entre os joelhos, formando uma posição mais esférica e menos alta, o que o tornaria menos vulnerável – a posição pode ser vista no desenho abaixo:

5. Caso estejam em grupo mantenham-se afastados uns dos outros. Isso evita que mais de uma pessoa seja atingida se um raio cair sobre alguém.

6. Em muitas ocasiões, durante uma tempestade, uma pessoa pode sentir que vai ser atingida por um raio, porque a pele começa a formigar e os pelos do corpo se eriçam. Caso isso aconteça não pense duas vezes, faça os indivíduos do grupo de afastarem uns dos outros e se abaixarem como na figura acima. Isso deve ser rápido e feito de forma automática, questionamentos numa situação dessas podem fazer alguém de vítima.

7. Barracas não protegem ninguém contra raios, as melhores proteções são construções com pára-raios e automóveis com os vidros fechados. Prefira ficar fora da barraca em uma posição mais baixa (algo como um vale).

8. Fique longe de qualquer objeto de metal – cercas, postes de fiação, antenas… Cuidado ao carregar bastões de caminhada, bastões de ski ou varas de pescar, esses objetos podem servir como um “pára-raio” indesejado…

9. Não use aparelhos eletrônicos de comunicação, tais como celulares e rádios.

10. É possí­vel prever mais ou menos a distância entre você e a tempestade usando uma técnica simples. Ao ver um raio caindo comece a contar os segundos, quando você ouvir um trovão pare a contagem e multiplique o tempo contado (em segundos) por 300. O resultado será a distância em metros entre você e a tempestade. Isso acontece por que o som viaja a uma velocidade de 300 metros/segundo. Assim basta contar os segundos e fazer a conta para saber qual a distância. Um detalhe curioso, raios podem cair a uma distância de até 15KM do local da tempestade, portanto cuidado…

Outras dicas interessantes

As formas de acidente por raio são de quatro tipos:

Direta – o raio cai sobre uma pessoa em pé em um lugar aberto, entrando pela cabeça (entra no crânio pelos orifí­cios), atravessa externamente e internamente a pessoa e sai pelo solo. Esse tipo de acidente é o que faz o maior número de vítimas.

Por contato – o raio atinge um objeto próximo a pessoa, transferindo-se para ela. Os objetos de contato podem ser tacos de golf, guarda-chuvas ou por exemplo, um molho de chaves.

Por espalhamento (splash) – ocorre quando a tempestade está em cima de uma área cheia de árvores e o raio cai sobre uma delas, e se espalha pelas pessoas em volta. Pode ocorrer também dentro de casa, se a vítima estiver utilizando telefone com fio. É o tipo mais comum de acidente.

Viajando em ondas – a última forma é quando o raio atinge o solo e viaja em círculos (igual a quando lançamos uma pedra em um lago) e quem estiver no raio da onda é atingido.

Um fato curioso no caso das mortes por raio é que a causa é realmente uma parada cardio-respiratória, que não passa de evento terminal de tantas outras causas de morte. Porém, o dano ocasionado pelo raio pode ser decorrente da própria voltagem do relâmpago, do trauma provocado pelo raio ou pelo excesso de contrações musculares. A maioria das vítimas fica sem respirar e sem batimentos cardíacos, mas consegue recobrar as funções espontaneamente! Um fato ainda misterioso para a ciência médica. Queimaduras são raras…

Acredita-se que há uma parada dos movimentos respiratórios e circulatórios por curto espaço de tempo, mas depois disso as funções cerebrais reassumem o comando. Por esse motivo, recomenda-se sempre iniciar manobras de ressuscitação em quem foi atingido por raio, mesmo que aparente estar morto. Em outros termos, é como se um hipotético disjuntor desligasse e, alguém o ligasse novamente, restabelecendo a energia no organismo, ou seja, os batimentos cardíacos e os movimentos respiratórios.

Cuidado com aventuras em dias mais nublados…

Trekker, montanhista, mochileiro e ciclista. Pratica esportes outdoor desde 1990. Apaixonado por equipamentos, fotografia, viagens, ciclismo, cerveja e tecnologia.

17 Comentários

  1. Excelentes as dicas, meu caro. Muito obrigado!

    Abração do

    – c.a.t.

  2. Muito informativo, com essas incidências de tempestades eletricas e tempestades tropicais aumentando, torna-se de extrema importancia obter essas informações….muito obrigada!!! Att Eliane Almeida.

  3. Ótimas informações, Obrigado.
    Abraço do Nelson coelho

  4. Valeu muito pelas dicas meu amigo!muita riqueza de detalhes que com certeza poderão salvar muitas vidas!!!abração!!!!!

  5. Prezado Mário,

    Talvez a minha pergunta seja óbvia demais, mas no caso de estar andando de moto, qual o procedimento correto?

  6. Olá Júlio, infelizmente o recomendado nesse caso é estacionar em um local seguro. Por não ter carroceria fechada como os carros, as motos expõe muito os seus pilotos. Cuidado nas chuvas mais fortes. Abraços e obrigado pelo comentário.

  7. Se voce estiver em um barco a vela, que tenha mastro de aluminio, o que sera necessario fazer?

  8. Olá Alberto, apesar de não ser um velejador eu sei que esta questão é bem discutida por eles. Alguns informam que nem se quer existe estatística de barcos atingidos por raios quando em movimento. Outros defendem o uso de pára-raios especiais além do aterramento dos equipamentos eletrônicos da embarcação, a colocação do pára-raio pode ser feita inclusive sobre o mastro. Trecho de um texto sobre o assunto publicado em um site especializado em vela:

    “De acordo com as recomendações da ABYC, American Boat and Yacht Councyl, o ideal seria um pára-raios no topo do mastro, com conexão direta para a água. O raio passa pela parte externa de um condutor; isto faz com que o mastro de alumínio oco, seja equivalente a uma barra sólida, portanto um excelente condutor.”

    Aliás recomendaria a sua leitura por completo: http://www.popa.com.br/diversos/gk.htm

    Uma curiosidade, nos desenhos do veleiro Paratii, do Amyr Klink, não existe referência a um pára-raio na embarcação… Quanto a segurança, durante uma tempestade de raios é mais seguro permanecer na cabine e sem estar encostado em equipamento eletrônicos ou peças metálicas que puodem por ventura servir como meio de transporte para uma carga que viesse a atingir o barco.

  9. muito bom
    valeu voce me tirrou de um baita sufoco

  10. E as possibilidades de um raio cair em casa ? é muito dificil?

  11. Caro Mario, estive acampando pela 1a. vez agora, fev/2011, numa barraquinha que vc mencionou, amarela e azul da nautika, peguei uma tempestade. Água, não entrou. Um dois rapazes foi escoteiro, e fez o q vc disse, lona presa num varal na arvore, cobriu nossas barracas e na frente, prendeu em 3 estacas. Legal até ai; quando começou os raios, quase morri. sozinha na barraca, olhando pelo mosqueteiro, parecia que tinha luz fluorecente lá fora, tamanho era a luz dos raios. Só orei. Teve momentos que esperei explodir a barraca. Atras das barracas era só mata. arvores mesmo. Desliguei os celulares mas tinha colheres e travessa de inox do lado de fora. Vc acha q corri risco de vida? Teria algum tipo de para-raio para uma situação assim? Jurei que nunca mais iria acampar, mas já comprei minha barraca e não vejo a hora de ir novamente. Dizem que só perú morre na véspera….. entaum, vamo nessa não é? Abraços da Mel.

  12. Fiquei com uma dúvida. Vc disse para não ficar em local descampado nem em local com árvores. Então onde seria este local ideal?

    Com árvores sempre soube, mas descampado foi novidade.

    1. Locais descampados como campos de futebol ou praias – só pra citar referências fáceis de imaginar, já foram locais de acidentes com raios por diversas vezes! Aliás há algum tempo atrás houve um caso de acidentes com raios em uma praia de São Paulo. O ideal seria estar protegido entre blocos de rocha mais altos que você, em uma caverna ou algo semelhante. Claro que nem sempre isso é possível por causa do ambiente onde você se encontra. Na pior das hipóteses, mantenha-se abaixado e evite objetos metálicos por perto que possam funcionar como um para-raio, um bastão de caminhada deveria ser deitado no solo ao invés de ficar na mão ou preso na mochila, por exemplo.

  13. Muito obrigado mesmo pelas informações.

  14. Acabei de passar o final de semana na Pedra da Gávea. Ao chegar ao cume os pêlos do corpo e o cabelo de todos do grupo ficaram completamente eriçados. Ao percebermos isso nos abrigamos no vale, pois a chuva já tinha começado. Graças a Deus não aconteceu nada, mas se tivesse lido suas dicas antes saberia melhor como nos proteger. Agora que já sei estou pronta para mais aventuras, sem previsão de raios, é claro. rs

    1. O importante é não “forçar a barra”, se o tempo estiver fechando é melhor voltar do que se colocar em uma situação de risco. Afinal de contas a montanha sempre estará lá.

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