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Como foi o Rio Mountain Festival 2014

Passados alguns dias do fim do Rio Mountain Festival 2014 vamos rever como foi o evento e quais foram os pontos que merecem alguns comentários. Neste ano o RMF se mudou do Odeon – que está fechado – e foi para o Cine Estação Botafogo I, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A maior mudança foi no tamanho da sala, já que o Odeon é um cinema bem maior que o Estação Botafogo, tendo inclusive com um segundo andar. Além disso os ingressos este ano contaram com lugares marcados, o que organizou bastante a entrada dos espectadores mas também gerou mais burocracia na venda já que quem comprava o passaporte tinha que escolher os lugares em todas as seis sessões do RMF. Independente de qualquer coisa, e mesmo com a perda do “charme” que existia no Odeon, o local nos agradou.

RMF 2014

Cine Estação Botafogo I (foto: Mario Nery)

Mostra Banff

Dentro do cinema (foto: Mario Nery)

RMF 2014 – Dia 1 – Cerro Torre e Mostra Competitiva

O festival aconteceu em três noites. Na primeira tivemos a abertura do evento com a exposição fotográfica “Patagônia” de autoria de Edson Vandeira, o evento de lançamento do novo livro do Waldemar Niclevicz, “O Brasil no Topo do Mundo” e a exibição do filme convidado e de mais duas produções nacionais da Mostra Competitiva. O filme convidado deste ano foi a mega produção da Red Bull: “Cerro Torre – A Snowball’s Chance in Hell“. O filme, como a maioria das produções deste nível, agradou uma grande parcela dos espectadores. Na minha opinião o filme é muito bom, só faltou talvez uma pitada de dinamismo, quem sabe ele fosse um pouco mais curto, ou com algumas partes mais “agitadas”. Mas de modo algum a produção deixa a desejar. Ainda nesta noite dois outros bons filmes foram exibidos. “Paraíso”, produzido pela Morfina Filmes, que contou a história de um trio de amigos que se dedicam à Falésia Paraíso em Pindamonhangaba, SP.

Essa produção da Morfina já mostra claramente uma evolução do mercado nacional de filmes outdoor, principalmente no que diz respeito a edição, fotografia e equipamentos – itens que mostram um amadurecimento do mercado brasileiro no sentido de se equiparar em qualidade com as produções internacionais. Um cenário bem diferente das duas edições anteriores do RMF onde ainda víamos filmes que não estavam em um padrão de produção como os deste ano – uma clara influência da “popularização” dos drones, câmeras esportivas e DSLRs.

A próxima produção da noite – “Ball’s Pyramid” – dispensa comentários sobre a qualidade e sobre o nível, já que veio de uma produtora maior, a Cani TV do Luigi Cani. Com 73 minutos de duração este longa de 2014 foi o primeiro feito pela Cani TV, segundo as palavras do próprio Luigi durante o RMF. O filme mostra a aventura da dupla Cani e Jeb Corliss num salto de wingsuit na Ball’s Pyramid, uma estaca vulcânica impressionante no meio do oceano Pacífico – com direito a horas de voo, helicópteros, resgate dos saltadores no mar e tudo mais.

RMF 2014 – Dia 2 – Mostra Competitiva

A noite de sábado trouxe para a tela do Estação Botafogo mais cinco filmes da mostra competitiva, dois internacionais que animaram menos a plateia e outros três nacionais que foram o destaque da noite na minha opinião. “Chiedilo a Keinwunder (Ask Keinwunder)“, um filme italiano que levou o prêmio de melhor filme no Festival de Trento pelo júri popular, deixou um pouco a desejar pelo que podemos ver entre os espectadores, nesta mesma sessão estavam “Zé do Pedal – as Fronteiras do Mundo” e “The Maniacs“, ambos nacionais, e que agradaram muito mais. Talvez por serem voltados para ação diferentemente do formato de documentário histórico que a produção italiana adotou. Pontos para Zé do Pedal, no quesito “diversão”.

Na sessão das 21h o grande destaque ficou por conta do filme brasileiro “Transpatagônia“, que mostrava a jornada do Guilherme Cavallari em um longo pedal pela Patagônia. A produção contou com boas cenas, um bom videografismo e uma boa edição, tudo sem perder as pitadas divertidas dos causos vividos pelo protagonista ao longo destes seis meses pedalando sozinho. Uma trip cheia de inspiração e aprendizados, que com certeza deixará boas lembranças nos espectadores.

No final da noite o filme “Between Places” mostrou com uma certa lentidão – apesar da bela fotografia – a aventura de um grupo de esportistas nas montanhas da Groenlândia. A produção de 2014 com 52 minutos de duração pecou na duração e no formato escolhido para o roteiro, poderia ter sido muito mais dinâmico do que foi. Não agradou tanto assim o público em geral, acredito que o roteiro arrastado foi o principal fator para isso.

RMF 2014 – Dia 3 – Mostra Banff

A noite da Mostra Banff sempre reserva bons títulos para um público que costuma lotar o cinema. Neste ano não foi diferente, foram 10 produções internacionais, algumas já premiadas em festivais grandes. Uma seleção equilibrada que trouxe cultura outdoor, surf, escalada, bike, caiaque e esqui. Um dia muito bem equilibrado na escolha dos filmes. Na primeira sessão que abriu com o ótimo documentário “Keeper of The Mountains“, os grandes destaques ficaram por conta de “North of the sun” (também chamado de “Nordfor Sola“) e “The Last Great Climb“. Encerrando esta sessão um curta de 3 minutos que tirou alguns risos da plateia, “Valhalla” mostrava esquiadores e snowboarders peladões. Divertido sem ser vulgar, na medida.

Caso queira, você pode assistir “North for the sun – Nordfor sola” na íntegra! Com legendas somente em inglês.

Na última seção do RMF 2014 mais seis ótimos filmes, com destaque para “High Tension“, que explica a briga envolvendo Ueli Steck, Simone Moro e os Sherpas no Everest; “The questions we ask“, um curta canadense de 3 minutos que aborda o motivo para nos aventurarmos (na íntegra, sem legendas a seguir); “Sea of Rock” – excelente filme de 12 minutos que fala sobre mountain bike na Suíça; e “Spice girl” que mostra a inglesa Hazel Findlay em escaladas impressionantemente difíceis no Reino Unido, aliás ela foi a primeira mulher a escalar uma via em E9 britânico. Além disso a sessão contou com “Sensory Overload“, do conhecido Erik Weihenmayer, um esportista cego que já escalou o Everest e que neste curta de 8 minutos mostra um pouco da sua experiência no caiaque de corredeiras; e “Beyond the drop“, que trata do mesmo tema, caiaque.

Premiação

Confira a lista de filmes premiados na edição 2014 do Rio Mountain Festival:

Prêmio Cidade do Rio – Melhor Filme – Between Places, de Henrik Rostrup
Prêmio Terra Brasilis – Melhor Filme Brasileiro – Balls Pyramid, de Mikael Santiago
Prêmio de Melhor Filme Voto Popular – Transpatagônia, de Cauê Steinberg
Prêmio de Melhor Filme de Montanhismo e Escalada – Chiedilo a Keinwnder, de Carlo Cenini e Enrico Tavernini
Prêmio de Melhor Fotografia – Between Places, de Henrik Rostrup

Além isso o fotógrafo Tom Alves ganhou a votação popular feita no site do festival e irá expor um pouco do seu trabalho no ano que vem na Mostra Fotográfica do Rio Mountain Festival 2015.

Veja outras fotos do Rio Mountain Festival na fanpage do Trekking Brasil no Facebook.

Trekker, montanhista, mochileiro e ciclista. Pratica esportes outdoor desde 1990. Apaixonado por equipamentos, fotografia, viagens, ciclismo, cerveja e tecnologia.

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