Texto e fotos: Thiago R. Caetano
Lá estávamos nós, 3 brothers tomando uma cerveja e falando sobre o que esperávamos da vida, as aventuras e sonhos de cada um. Entre uma cerveja e outra, caímos no papo sobre como admirávamos a coragem do Alex Supertramp (Chris McCandles) e tomamos a decisão de seguir seus passos e ter nossa própria aventura “Na natureza selvagem”… ou quase isso!
Fechamos as mochilas e os suprimentos, pegamos o mapa e as lanternas, alugamos um carango e partimos em direção aos 4 fantásticos dias em “Totes Gebirge”,alemão para as Montanhas Mortas, nos Alpes Austríacos.
Saímos cedo e logo chegamos aos pés daquele monstro imponente que estávamos prestes a escalar. Adrenalina a mil, checamos mais uma vez o mapa e botamos o pé na trilha.
Seguimos morro acima e começamos nossa escalada ao monstruoso “Grosser Priel”, o ponto mais alto desta cadeia de montanhas dos alpes austríacos.
O primeiro dia foi uma subida íngreme, sob chuva e nevoa que não nos dava mais que 2m de visão à frente! Subimos até achar que tínhamos errado o caminho e passado pelo primeiro Hütte (as cabanas localizadas no meio dos alpes).
Paramos um pouco mas logo decidimos seguir em frente e a 10m, tã-dãnn, lá estava ele,o quente, aconchegante e com muita cerveja, Welser Hütte.
Saímos cedo da cabana e chegamos ao topo do “Grosser Priel” antes que calculávamos e nos surpreendemos com o visual! Estávamos acima de tudo! As nuvens passavam lá embaixo e víamos toda aquela imensidão de neve, de florestas verdes, lagos e pequeninas linhas que eram estradas. Era tudo fascinante!
Decidimos descer em direção ao Pühringer Hütte, nossa próxima cabana à pernoitar e lá fomos nós. Descemos grandes geleiras, passamos por trilhas fechadas na floresta, escalamos rochas que exigiam a melhor performance à lá Homem-Aranha e nos divertíamos “esquiando” morro abaixo sempre que possível.
Avistamos de longe a tal cabana e, literalmente, corremos em direção ao calor e descanso!
Decidimos tomar banho antes do jantar e fomos atrás do sonhado banho quente.
“Onde fica o chuveiro, cara?”, perguntamos, e o senhorzinho de meia idade apontou pela janela. Lá fora estava aquela magnífica banheira de água cristalina formada pela neve derretida dos alpes (um lago).
Entramos aos poucos já que a idéia de pular de uma vez foi abortada quando colocamos o primeiro dedo do pé. Lá dentro, não bastava o frio desconcertante,mas ainda tinham peixinhos que beliscavam nossas pernas como se fossemos uma bela massinha de pesca.
Banho tomado e barriga cheia, fomos tomar umas cervejinhas e pouco depois capotamos pois o próximo dia começava cedo.
O terceiro dia foi mais tranqüilo, tirando o ataque das vacas estilo as do chocolate Milka que nos fizeram correr um bom caminho morro abaixo.
Chegamos no Rinner Hütte, nossa última noite nos alpes, e antes de dormir tomamos uma boa “schnapps” (uma “cachaça” extraída de plantas) e preparamos tudo pro último dia.
Logo cedo botamos o pé nas trilhas e o sol castigou no quarto dia. Estava tão quente que abraçávamos todas as pedras que víamos no caminho na tentativa de esfriar um pouco o corpo.
Andamos muito floresta adentro. O ar estava abafado, sem um vento sequer, sem uma alma viva durante todo o caminho.
Chegamos numa estrada de terra e sem hesitar por 1 minuto pulamos no rio que cruzava a ponte e esfriamos a cabeça que fervia naquele momento.
Ficamos por ali um tempo e então decidimos pedir carona. Depois de varias tentativas, e já com a mochila de volta nas costas, um cara parou sua caminhonete e de prontidão ofereceu nos levar ao nosso carro.
Algum tempo depois chegamos ao ponto inicial. Sentamos pra fechar a aventura tomando uma cerveja com nosso amigo motorista que nos salvou de mais uns kms à pé e divagamos:
“É, conseguimos. Tivemos a aventura que queríamos. Vivemos os nossos 4 dias “Na natureza selvagem”… ou quase isso!”
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